A melhor notícia da semana para o Rio Grande do Sul é que não vai ter Gre-Nal. Nem na Libertadores, nem na Copa do Brasil. Por mais que antes das respectivas eliminações para o Flamengo e para o Athletico tenhamos todos, colorados e gremistas, declarado o contrário. Seria mais do que podemos suportar. Não temos maturidade emocional para tanto. Já não teríamos, mesmo que o contexto nacional não tivesse acrescentado doses extras de intolerância, mágoa e raiva ao nosso já conflagrado contexto de relações pessoais e institucionais.
Nós, gaúchos, brigamos por causa de casinhas de cachorro na calçada. Brigamos para não revitalizar o Cais Mauá, para não endireitar a orla, brigamos entre nós e com os outros. Brigamos nos xingando de bolsominions e petralhas, exercitamos como ninguém a caranguejante arte de ser contra. Imagine uma disputa onde metade vence e a outra metade é irremediavelmente derrotada para o maior rival. Os dias que antecederiam os jogos seriam revestidos de uma tensão que, inevitavelmente, transbordaria. Bem mais grave do que aconteceu em Buenos Aires, quando, depois de pancadarias e bravatas, River e Boca tiveram de jogar em Madri.
Isso sem falar no depois. Daríamos um jeito de transformar uma conquista em desunião e destruição. Porque uma vez definido o vencedor, o perdedor seria espezinhado. O treinador acabaria demitido, o presidente entraria em depressão e os jogadores seriam hostilizados. Chegar em segundo seria mais humilhante do que chegar em último. Tanta faria o fato de havermos alcançado, Inter e Grêmio, uma final que, por si só, deveria ser celebrada como uma conquista.
Nós, gaúchos, fomos poupados de uma violência inimaginável. Talvez um dia, no futuro, essa possibilidade se apresente outra vez e, em um contexto mais favorável, seja bem-vinda. Por enquanto, a não realização desses Gre-Nais das Galáxias, Gre-Nais do Milênio, Gre-Nais do Juízo Final, são um alívio, embora doa admitir.