Dez anos depois, o Inter está de volta à final da Copa do Brasil. A vitória sobre o Cruzeiro, por 3 a 0, em um Beira-Rio lotado (com 4 a 0 no placar agregado), com dois gols de Guerrero e um de Edenilson, colocou a equipe de Odair Hellmann na decisão. Para a surpresa de muitos, o adversário será o Athletico-PR que, horas antes, em Curitiba, eliminou o Grêmio nas cobranças de pênaltis, por 5 a 4.
Na tarde dessa quinta-feira, os mandos de campo das finais do torneio serão sorteados na sede da CBF, no Rio. As datas, porém, estão confirmadas: 11 e 18 se setembro. De quebra, a vitória sobre o Cruzeiro salvou o caixa colorado em 2019. Com R$ 21 milhões já garantidos - prêmio destinado ao vice-campeão -, podendo faturar R$ 52 milhões - caso fique com a taça -, o clube fechará o ano com um inesperado superávit.
O clássico começou em velocidade máxima. Com um minuto de jogo, uma chance de gol para cada lado. Guerrero foi bloqueado ao chutar. No rebote, Edenilson foi travado. Na sequência do lance, Marcelo Lomba defendeu um chute de Pedro Rocha e, no rebote, David bateu para fora. Obrigado a vencer, o Cruzeiro mostrava mais fome de ataque do que o Inter, nos primeiros movimentos - sempre mais perigosos que os dos colorados.
Aos poucos, o Inter foi se acalmando em campo. A vantagem do empate, com um adversário atacando insistentemente, pareceu enervar a equipe nos primeiros movimentos. Nico, aos 12 minutos, bateu de fora da área, à direita do gol, mas esse lance mostrou um Inter que voltava à carga em seu estádio. Empurrado pela torcida, o Inter passou a buscar o primeiro gol. Por vezes, correndo riscos. Cuesta, aos 15 minutos, saiu da zaga e foi até a área mineira para chutar a gol — e quase fez, mas a bola saiu em curva, à esquerda.
Apesar de o Cruzeiro ter maior posse de bola, era o Inter quem visitava mais vezes a área mineira, ainda que sem uma grande conclusão ao gol. Aos 32 minutos, Thiago Neves fez o torcedor trancar a respiração nas arquibancadas, ao bater em curva uma bola que quase lambeu a trave. Mas, sete minutos depois, o Inter começava a encaminhar a vaga.
Edenilson roubou a bola no meio-campo, passou para Nico López, que correu para a ponta e inverteu a jogada para D'Alessandro. O camisa 10, na área do Cruzeiro, chamou a atenção de toda a defesa mineira e cruzou para a pequena área, onde Guerrero nem precisou pular para cabecear, ver a bola entrar e correr para o abraço a D'Alessandro.
O 1 a 0 de Paolo Guerrero foi um balde água fria no Cruzeiro. Depois do gol, o Inter passou a dominar completamente o clássico até o final do primeiro tempo. Com 2 a 0 no placar agregado, a equipe de Odair Hellmann precisava apenas administrar a vantagem para se colocar na final.
No segundo tempo, sem Dedé, lesionado, e com o volante Ariel Cabral em campo, o Cruzeiro bem que tentou esboçar uma reação. Mas o Inter retornou valorizando a posse de bola e tentando abrir uma vez mais a defesa mineira. Mais entusiasmado no clássico, os donos da casa seguiam em busca do segundo gol. O Cruzeiro, por sua vez, aos poucos parecia ir desistindo da briga pela vaga.
Com o Cruzeiro tentando a sua última cartada, o Inter se posicionou todo na defesa e passou a buscar os contra-ataques. Guerrero teve a melhor chance, correndo desde o meio-campo até quase o gol, mas lhe faltou fôlego para concluir, e acabou perdendo a bola.
O mata-mata chegou ao fim aos 24 minutos do segundo tempo. Edenilson, à la Pedro Iarley, levou a bola quase para o escanteio e, de lá, cruzou para Nico, que dentro da área encontrou Guerrero. O camisa 9 da seleção peruana matou no peito e, sem deixar a bola quicar, mandou uma pancada no ângulo. Um golaço. Ainda teve tempo para o terceiro: aos 44, Cuesta fez belo lançamento na área e Edenilson venceu Fábio para dar números finais ao jogo.
A noite em vermelho foi perfeita: rival eliminado, Inter de volta a uma grande final nacional com uma partida madura. Três anos depois de viver um pesadelo, o Inter tem a chance de retomar com uma taça e vaga à Libertadores o seu posto junto à elite dos gigantes do futebol brasileiro.
Copa do Brasil - jogo de volta da semifinal - 4/9/2019
INTER 3
Marcelo Lomba; Bruno, Rodrigo Moledo, Víctor Cuesta e Uendel (Sarrafiore, 47'/2ºT); Rodrigo Lindoso, Edenilson, Patrick; D'Alessandro (Rafael Sobis, 31'/2°), Nico López e Paolo Guerrero. Técnico: Odair Hellmann
CRUZEIRO 0
Fábio; Jadson, Dedé (Ariel Cabral, int.), Fabrício Bruno e Dodô; Henrique, Robinho (Ederson, 31'/2°), David, Marquinhos Gabriel e Thiago Neves; Pedro Rocha (Fred, 15'/2°).
Técnico: Rogério Ceni
GOLS: Guerrero (I), aos 39min do primeiro tempo e aos 24min do segundo tempo; Edenilson (I), aos 44 minutos do segundo tempo.
RENDA: R$ 2.369.469,00.
PÚBLICO: 45.768 torcedores (com 41.768 pagantes).
ARBITRAGEM: Flávio Rodrigues de Souza (SP), auxiliado por Alessandro Rocha de Matos (BA) e Fabrício Vilarinho da Silva (GO) VAR: Rodrigo Ferreira do Amaral (SP).
Próximo jogo — Brasileirão
Inter x São Paulo
Beira-Rio, Sábado, 7/9, 19h