As palavras grávidas, aquelas que, antes da ecografia, carregam significados múltiplos e interrogações. Disciplina é uma delas. A obediência às regras, aos superiores e aos regulamentos é, sem dúvida, um dos pilares da sociedade. Sem ela, o trânsito seria ainda mais caótico, as famílias impossíveis e as empresas natimortas. Sem falar nos exércitos e nas polícias, instituições fundamentais para a manutenção da ordem e do equilíbrio.
O novo debate sobre as escolas cívico-militares abre um horizonte saudável de possibilidades a serem debatidas. Mesmo sabendo que a isenção absoluta é impossível, acredito em uma educação aberta. Mais do que isso, vejo a participação dos pais como ingrediente fundamental na formação de cidadãos integrais e íntegros. Nas escolas públicas, então, essa crença assume dimensões ainda mais urgentes.
Não há problemas em oferecer escolas que tenham o civismo, a hierarquia e ela, a disciplina, como atributos fundamentais. Mas esse tipo de estrutura não é para todos e só faz sentido, na dimensão proposta pelo governo, se os problemas básicos e estruturais da educação brasileira forem sanados antes. Olhando para o mundo, vê-se cada vez mais a desintegração dos modelos baseados em organogramas verticais. É assim na maioria das empresas que dão certo. Se não fosse a indisciplina, estaríamos ainda nas cavernas. Não a indisciplina inconsequente e destrutiva, mas aquela que nos leva à ruptura de modelos, à inovação e ao erro que antecedo o passo certo.
Por isso, é positiva a iniciativa de oferecer, com recursos públicos, escolas cívico-militares à população. Desde que os pais que não têm dinheiro possam optar, a exemplo dos que escolhem as escolas privadas de seus filhos – religiosas, laicas, mais ou menos rigorosas. É o mesmo tipo de opção que tiveram os pais do hoje presidente Jair Bolsonaro.