No palco da política, até mesmo os movimentos espontâneos são calculados. Pressionado pelo vazamentos de mensagens trocadas com integrantes do Ministério Público Federal, o ministro Sergio Moro concretizou uma ideia de extrema importância, com a ajuda do presidente Jair Bolsonaro. A assinatura da medida provisória que facilita a venda de bens apreendidos de traficantes merece aplauso irrestrito. Só mesmo a cegueira ideológica impediria o reconhecimento a esse gigantesco acerto do governo.
Não é coincidência que a cerimônia tenha sido realizada na segunda-feira (17), na tentativa de mudar a pauta negativa. Mas isso não invalida o mérito da iniciativa. A partir de agora, os carrões de luxo, os barcos e os imóveis dos barões do tráfico poderão ser leiloados com maior rapidez e os recursos, transferidos imediatamente para o programa nacional de combate às drogas, gerido pelo ministro gaúcho Osmar Terra (Cidadania).
É fundamental combater o tráfico nas ruas. Mas lotar os presídios com jovens de baixa hierarquia nas organizações criminosas adianta pouco se não houver o sufocamento financeiro dos chefões. Esse é um trabalho de inteligência, muitas vezes silencioso, mas de extrema relevância. Menos tuites e mais medidas como a assinada na segunda. É disso o que o Brasil precisa.