Com a legitimidade de quem também foi eleito e por isso não pode ser demitido, o vice-presidente Hamilton Mourão vem fazendo exatamente aquilo que se esperava dele: dizer o que pensa. O último capítulo dessa trajetória é a crítica ao uso do slogan de campanha de Bolsonaro nas escolas.
Mourão tem sido um contraponto ponderado ao governo, dentro do governo. Como não tem funções específicas na gestão, foge do desgaste da rotina e não precisa se submeter às chatices da política do dia a dia. Não chega a ser surpresa. Mourão surgiu no cenário público do Brasil criticando, como general da ativa, o governo do PT.
Desde então, refinou a atuação política. Dos filhos do presidente, que deveriam ser "enquadrados" por Bolsonaro, até a defesa da licença para que Lula fosse ao enterro do irmão, por "motivos humanitários", o vice-gaúcho vem estabelecendo personalidade própria, sem jamais sequer chegar perto da linha que traça a divisão de hierarquias de Brasília.