Existe alguns motivos obscuros e consistentes para que o regime de Nicolás Maduro se mantenha respirando por mais algum tempo. A tensão militar no continente é um argumento de venda perfeito para a indústria bélica.
A fronteira norte do Brasil é mal protegida. Um inimigo dessa dimensão exige cuidados, mesmo que os movimentos tenham sido no sentido de apaziguar os ânimos, pelo menos por enquanto, na região de maior risco.
A história recente de alguns conflitos ensina que as sanções econômicas podem ser um fim nelas mesmas ou apenas um degrau necessário perante a opinião pública antes de uma ação militar. No caso na Venezuela, o timing se desenha nitidamente.
Ainda falta um ano e nove meses para a eleição presidencial americana, marcada para 3 de novembro de 2020. Não será surpresa se, na lógica de Donald Trump, Maduro seja o inimigo a ser cada vez mais construído antes da “intervenção em nome da democracia”, de preferência na arrancada da campanha para a reeleição. Maduro hoje disputa com Teerã o título de malvado favorito da Casa Branca.
A Venezuela bolivariana em frangalhos já é, por si só, um triunfo para a nova direita do continente. É o apagar das luzes de uma onda esquerdista que governou hegemonicamente a América no Sul.
Só existe duas certezas:
1) Nicolás Maduro vai tentar se agarrar ao poder. Manter a produção e a venda de petróleo é a sua boia.
2) A hora certa da queda – ou a sobrevida - será decida a 3,3 mil quilômetros de Caracas, em Washington.