Demorou dois dias. A exoneração do general Antônio Hamilton Mourão da Secretaria de Economia e Finanças do Exército foi definida neste sábado. Um informe distribuído aos comandos, chefias e direções da instituição oficializou a decisão.
Na quinta-feira, em Brasília, Mourão disse, em uma palestra, que Michel Temer faz um “balcão de negócios” para poder governar. Não é a primeira vez que o general emite opiniões fortes. Em setembro, falou sobre a possibilidade de intervenção militar como última instância para resolver a crise brasileira. Voltou a tocar no tema na semana passada.
Em 2015, ainda durante o governo Dilma, Mourão foi exonerado do Comando Militar do Sul depois de fazer, em Porto Alegre, duras críticas à corrupção e de prever cenários de queda do governo do PT, o que acabou acontecendo meses depois.
Mourão exerce liderança em setores militares. É cedo para se falar em uma crise, mas a possibilidade existe. Outro caminho que se abre é uma candidatura a cargo eletivo no ano que vem, dentro de uma proposta de defesa intransigente da moralidade e da punição aos inimigos da lei.
As Forças Armadas acompanharam de perto o processo de impeachment de Dilma e sua cúpula não opôs resistência ao afastamento da presidente. Agora, dentro e fora das Forças Armadas, muitos dos que na época criticavam a corrupção e o desleixo ético do governo petista questionam os mesmos pontos na gestão Temer. Os próximos dias apontarão se a punição a Mourão provocará reação e qual o tamanho dela.