A viagem de Jair Bolsonaro a Davos, na Suíça, na noite deste domingo (20), e a consequenteposse de Antonio Hamilton Mourão, são sinais de um momento positivo na relação entre presidente e vice. Nem sempre foi assim. Durante a campanha, a tensão chegou a níveis consideráveis, principalmente depois que Bolsonaro desautorizou publicamente declarações de Mourão. O então candidato a vice falou sobre a hipótese de um autogolpe para garantir governabilidade, entre outros posicionamentos que desagradaram a Bolsonaro.
A partir de então, os dois ficaram pelo menos um mês sem serem vistos juntos. O distanciamento não mereceu qualquer confirmação ou declaração pública, mas era visível.
Passado o calor da campanha, Bolsonaro parece haver se acostumado com algo que já deveria saber antes mesmo de convidar Mourão para a chapa. O vice tem posições claras e não se encaixa no perfil decorativo. Por sua parte, Mourão, agora já mais habituado ao trânsito no mundo da política civil, tem evitado externar posições com potencial de polêmica. A curva de aprendizado se desenha. Tanto que, nos principais atos públicos protagonizados por Bolsonaro depois da posse, o gaúcho Mourão estava lá.
Conversei com ele no final da semana passada sobre a interinidade. Tranquilidade e absoluto sentido de cumprimento do dever são as palavras que resumem o tom do que ouvi.
O Rio Grande do Sul terá um representante da Presidência essa semana. Mas não esperemos qualquer gesto de favorecimento ou regalia. Ainda bem. Passou o tempo em que um interino fretava aviões e desembarcava na sua cidade natal. O já falecido deputado Paes de Andrade, em 1989, ao assumir a Presidência durante uma viagem de José Sarney, transferiu a sede do governo federal para Mombaça, no Ceará.