O candidato a vice-presidente da República na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta sexta-feira (7) em entrevista à GloboNews que, em situação hipotética, admitiria a possibilidade de um "autogolpe", com apoio das Forças Armadas. Segundo o candidato, em caso de "anarquia generalizada", o chefe do Executivo poderia acionar os militares no caso de um Poder não conseguir "mais cumprir a sua finalidade".
A afirmação veio após ele ser questionado sobre declarações anteriores em que afirmava que "os poderes terão que buscar solução, se não conseguirem, chegará a hora que nós teremos de impor uma solução".
— E eu, em nenhum momento, preguei golpe militar. É uma questão de, quando você olha a missão constitucional das Forças, tem uma missão que eu considero, que ela é uma coisa, como é que interpretar isso, que é a tal da garantia dos poderes constitucionais. Como é que a gente garante os poderes constitucionais? Mantendo a estabilidade? E, se um Poder não consegue mais cumprir a sua finalidade, o que nós fazemos? Então é uma discussão que nós temos tido ao longo dos tempos, porque está escrito na Constituição — disse.
Ao ser lembrado pelos jornalistas Merval Pereira, Miriam Leitão e Heraldo Pereira de que as Forças Armadas só poderiam atuar por solicitação de um dos Poderes, segundo a Constituição, Mourão destacou que falava apenas em uma situação hipotética:
— Quem é que vai decidir que a situação está de anarquia nesse limite que o senhor está colocando? — questionou Merval Pereira.
— Para isso que existe comandante, né? O comandante teria que decidir, não seria a iniciativa — respondeu Mourão.
— Mas o comandante quem? O presidente da República? — rebateu o jornalista.
— O próprio presidente é o comandante-chefe das Forças Armadas, ele pode decidir isso. Ele pode decidir empregar as Forças Armadas. Aí você pode dizer: "mas isso é um autogolpe" — disse o candidato a vice-presidente. — É um autogolpe, você pode dizer isso — completou.
— Isso é hipotético. Quando você vê que o país está indo para uma anomia, na anarquia generalizada, que não há mais respeito pela autoridade, grupos armados andando pela rua (...). eu não vejo no momento que o Brasil está vivendo, com todas dificuldades que nós temos, com um Congresso com muita gente envolvida em atos de corrupção, com um Executivo sem conseguir realizar suas tarefas. Às vezes, com as reclamações que nós temos em relação à lentidão do Judiciário, à falta de ação do Judiciário. Mas prosseguem funcionando as instituições brasileiras. E o nosso comandante, o Eduardo Villas Bôas, tem deixado isso muito claro todas as vezes. E qual foi o tripé em que ele se manteve nesse tempo todo? Legalidade, estabilidade e nossa legitimidade — concluiu.