Nada errado ou estranho na nomeação de militares para o governo. É exatamente isso que a população brasileira pediu nas urnas, ao eleger uma chapa formada por um ex-capitão, Jair Bolsonaro, e por um general, Hamilton Mourão.
Além de ambos, o futuro governo já conta com pelo menos mais sete oriundos das Forças Armadas: almirante Bento Costa Lima Leite (Minas e Energia), general Fernando Azevedo e Lima (Defesa), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), general Santos Cruz (Secretaria de Governo), tenente-coronel Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e capitão Wagner Rosário (Controladoria Geral da União).
Será uma experiência nova e desafiadora para o país. Já houve, entre as décadas de 1960 e de 1980, uma concentração semelhante de oficiais no governo. A diferença fundamental é que hoje vivemos em uma democracia. A articulação, a habilidade política e a flexibilidade, sempre dentro de padrões legais e éticos, são capacidades a serem testadas.
Importante ressaltar que essa geração de militares que chega ao poder viveu os dois momentos – o do regime militar, ainda adolescentes ou jovens, e o da abertura. São outras cabeças, mais abertas e intelectualmente preparadas. Teremos disciplina, hierarquia, Constituição e ordem. Precisamos disso, com certeza. Mas vai ser interessante ver como tantos militares juntos lidarão com os atalhos e as curvas sinuosas do poder civil.