Foi ontem, no Jornal Nacional. A entrevista era curta, mas foi a primeira vez que vi o candidato do PT não citar uma vez sequer o ex-presidente preso. Reluto em acreditar que foi esquecimento. Impossível esquecer Lula. Foi uma decisão estratégica. Assim como foi estratégica e decisão de Bolsonaro, que repreendeu o seu general vice por conta de supostos atropelos à Constituição.
Importante que nós, eleitores, tenhamos claro que os candidatos não estão preocupados com governar. Querem apenas ganhar a eleição e para isso adaptarão seus discursos até onde a dor aguentar.
O PT entende, corretamente, que Haddad precisa adquirir personalidade própria se quiser vencer as resistências no Sudeste e no Sul. Se para isso tiver de falar menos em Lula e em PT, assim será feito. Com o aval de Lula, sempre.
A campanha de Bolsonaro entende que, para se consolidar ainda mais na liderança, o candidato precisa acariciar o Nordeste e romper com a imagem de autoritário. Assim será feito.
Quando se moveu para o centro, lá atrás, o PT viu nascer das suas entranhas o PSOL, formado por dissidentes insatisfeitos com a "direitização" do partido. Bolsonaro ainda não tem o seu PSOL. Mas se ganhar a eleição e quiser governar, é provável que isso aconteça.
Nas entrevistas do Jornal Nacional, ambos os candidatos acenaram mais para o centro. Afinal, é lá que estão os votos. Governar, depois, são outros quinhentos.