Vitorioso no primeiro turno, agora Jair Bolsonaro precisá se expor se quiser ganhar a eleição. Vítima de uma facada, o candidato do PSL permaneceu boa parte da reta final da campanha em silêncio ou falando sozinho. Acabou favorecido pela proliferação de candidaturas e pelo alarido de mensagens. A partir do enfrentamento direto com Fernando Haddad e com o mesmo tempo de tevê do petista, será forçado a sair da comodidade das redes sociais para entrar no facho dos holofotes da opinião pública.
Os manuais de estratégia política ensinam que, numa corrida eleitoral, o silêncio favorece o líder, que sempre tem mais a perder. Só que Bolsonaro terá pela frente convites para debates e espaços generosos de propaganda no rádio e na tevê. Não espere que ele se jogue no debate público. Evitará o máximo colocar em jogo a sua vantagem. Fernando Haddad tentará atraí-lo para o centro do palco.
No segundo turno, falar ou não deixou de ser uma opção para se tornar um imperativo. No seu primeiro discurso depois de anunciado o resultado, Haddad falou em "olho no olho" e "debate direto". Bolsonaro precisará mais do que um posto Ipiranga para confirmar o seu favoritismo.