Ambos são fenômenos da falência das promessas da globalização e do politicamente correto. Na década de 90, gurus eufóricos previam que a queda das fronteiras comerciais e a agenda esquerdista em temas como minorias e meio-ambiente levariam a Humanidade à Terra Prometida.
Não funcionou, por fatores que vão dos impactos dos refugiados na Europa, passando pelo terrorismo e pela sensação de que nem piadas podem mais ser contadas, sob pena de linchamento público.
Donald Trump e Jair Bolsonaro, líder das pesquisas no Brasil, são filhos desse mesmo caldo de frustração. Embalados por promessas radicais, assumem papel de porto seguro diante do esfarelamento de um futuro impossível.
Mas as semelhanças param por aí. Donald Trump se elegeu em um país que tem instituições democráticas sólidas, praticamente inquebráveis. E onde existe uma federação. Os Estados têm tanta autonomia que se parecem, de fato, com países independentes.
Os Estados Unidos funcionam apesar do presidente que, no caso de Trump, até acerta em alguns pontos de política externa e de economia ao enfrentar, por exemplo, o apetite expansionista da China.
O Brasil é diferente. Aqui, o presidente tem, proporcionalmente, mais poder - da emissão de medidas provisórias à nomeação de milhares de cargos em todo o território nacional. Temos um Congresso fisiológico e, ao que tudo indica, com pouca renovação a partir de 2019. Há também o nosso STF, egocentrado e corroído internamente. E as Forças Armadas, quase sempre silenciosas, mas atentas e atuantes, cada vez mais, no cenário das grandes decisões nacionais.
Longe de mim querer dizer como cada um deve votar. Seria arrogante e ineficaz. Não quero convencer ninguém, apenas participar da conversa.
Mas é meu dever alertar para essa possível confusão. Nossa eleição é para um presidente que irá governar um Brasil e não os Estados Unidos.