A propaganda eleitoral da TV começou do mesmo jeito. Cheia de "o quês", mas com quase nada de "comos". Os candidatos a presidente prometeram soluções para a saúde, a educação, a segurança e o emprego, mas não disseram o mais importante: como farão – o que se esperava especialmente dos que têm mais tempo.
O tom emocional, da raiva à comoção, dominou. A troca de órgãos decisórios é um dos principais desafios na nossa democracia. Menos intestino e coração, mais cérebro, é disso que precisamos.
Do ponto de vista da produção e da forma de contar histórias, Geraldo Alckmin foi o mais eficiente. Conseguiu bater em Bolsonaro e no PT, de um jeito criativo e, literalmente, centrado. Foi aos confins do Pará e, de lá, falou bem de São Paulo, Estado onde o tucanato reina. Mas, assim como os demais, cheio de intenções e vazio de caminhos concretos para realizá-las.
Mesmo fora da disputa, Lula predominou no horário do PT, parte da estratégia de insistir até onde der e depois, quem sabe, tentar a transferência de votos para Haddad. O que se viu foi um PT raiz, usando um tom militante e aguerrido. Falou olho no olho com os seus simpatizantes.
Bolsonaro sumiu nos seus poucos segundos, fenômeno que pode ter reflexos nas próximas pesquisas.
A forma de organização do horário eleitoral é confusa, sem pausa ou qualquer indicação quando sai um candidato e entra outro. Tornar as coisas mais fáceis para os eleitores, definitivamente, não é a especialidade do sistema brasileiro.