Candidatos e partidos prestariam um baita serviço à democracia se apresentassem, além de planos de governo, planos de oposição. Esse instrumento não existe, mas faz falta. Quando se elege, um político tem uma série de compromissos a cumprir. Raras vezes o prometido é entregue mas, pelo menos, pode ser avaliado e cobrado.
Já os que não se elegem se sentem absolutamente liberados para transformar os quatro anos subsequentes em território de mágoa, demagogia e vingança. Seria honesto e digno que, na hora em que se apresentam para disputar cargos relevantes, dissessem também o que pretendem fazer caso não sejam os escolhidos.
Não vale ideias genéricas do tipo "defenderemos os projetos de interesse do país". Quais projetos? Que critérios objetivos serão usados? Qual vai ser a postura do seu partido no Congresso? Qual a sua visão sobre oposição? Essas são respostas fundamentais para um país hoje polarizado e tensionado na sua esfera política, respostas tão importantes quanto as oferecidas pelos eventuais vencedores da eleição que se aproxima.
A partir de janeiro de 2019, não é apenas o governo que definirá o futuro do país. A oposição é o outro lado desse espelho, um lado que não assume compromissos claros e que, por isso, sucumbe à tentação de se tornar irresponsável e destrutivo. Vem sendo assim nas últimas décadas e, ao que tudo indica, será ainda pior.