Entendo que os suíços acusem Neymar de cair demais em campo. Eles perseguiram o maior craque brasileiro organizadamente, com a disciplina de um relógio que nunca atrasa. Não entendo como nós, brasileiros, passamos a repetir essa balela. Neymar caiu pouco. Se tivesse antevisto a joelhada criminosa do colombiano na Copa passada e se jogado antes, não teria fraturado uma costela e ficado fora do jogo contra a Alemanha.
Neymar é um jogador técnico e de constituição muscular mais frágil. Não poderia fazer o que faz se fosse um brutamontes. Sofre por isso, não por culpa sua. É constantemente cassado em campo e seus adversários fingem esquecer que o brasileiro tem o direito constitucional de se defender. Neymar tem duas opções – ou senta o cotovelo no rosto do agressor antes de apanhar, ou relaxa o corpo e desaba.
Estranho ainda mais, nós, gaúchos, repetindo essa papagaiada europeia de que Neymar simula faltas demais. D'Alessandro cai demais? Luan cai demais? Não. Na maioria das vezes, eles se defendem. Os europeus inventaram o futebol e, com raríssimas intenções, não conseguem jogá-lo com graça, leveza e criatividade. Aparece aí um outro fator que atrapalha Neymar e todos aqueles que resistem ao embrutecimento com técnica.
Os árbitros privilegiam, nos critérios de decisão, o choque e a força, como se o uso excessivo dela fosse permitido até os 30 minutos do segundo tempo. Escrevi antes da Copa que o personagem mais importante, na Rússia, seria o juiz. Meu argumento: se tivesse que exercer apenas uma função, essa seria a de preservar os craques e o espetáculo. O que se vê, nesse quesito, é um fiasco. Neymar mancando no treino de ontem é apenas mais uma prova. Também escrevi antes da Copa, que o problema do uso do vídeo não seria a dúvida, mas o erro convicto. Dois a zero para mim.
Cabe a FIFA e sua estirpe de homens de negócios decidir o que querem do futebol: um esporte onde os craques encantem as multidões ou um batalha onde que os brucutus saiam de campo acusando suas vítimas de simulação.
Pela quantidade de pontapés que Neymar recebe, ele cai pouco. Corre o risco, por isso, de ficar machucado na segunda Copa consecutiva. E ver, pela tevê, seus algozes levantando a taça.