Ao acompanhar a avó em uma consulta no ortopedista, João Carlos Costa descobriu um tumor no joelho por acaso. Essa foi a primeira das cinco vezes em que foi diagnosticado com câncer. Tinha 17 anos. Depois de amputar uma das pernas, se tornou paratleta profissional de natação. No auge da carreira, um exame de rotina revelou 12 nódulos no pulmão esquerdo. Retirou metade do órgão. O gosto pelo levantamento de peso veio anos depois. Hoje, aos 34, é competidor de crossfit e palestrante. Agora, curado de vez, quer lançar um livro para contar a própria história.
– Eu achava que era uma má formação – explica João sobre a descoberta do primeiro tumor, que tinha o tamanho de um punho fechado.A amputação foi um momento difícil, mas rápido. Entre o diagnóstico e a cirurgia se passaram apenas quatro dias. Foi ela que lhe rendeu o apelido bem humorado: João Saci.
Apaixonado por esportes, encontrou motivações na piscina do colégio militar onde estudava depois da primeira cirurgia. A dedicação garantiu títulos nacionais. Chegou a concorrer a uma vaga nas paraolimpíadas de Atenas.Com a volta da doença – dessa vez no pulmão – os treinos de natação tiveram de ser trocados pela quimioterapia.
Lá, o câncer apareceu pelo menos quatro vezes. O homem de 1,85 metro chegou a pesar 54 quilos por conta da capacidade respiratória comprometida.
Natural de Goiânia, João Saci veio morar no Rio Grande do Sul depois de conhecer uma gaúcha na internet. Chegou ao Estado, em 2007, no meio da semana farroupilha.
– Fui no shopping e tinha um cara com umas calças largas e uma faca na cintura. Eu achava que era lenda, mas as pessoas daqui se vestem assim mesmo! – brinca.
Por sugestão da mulher, Aurea, o atleta fez uma aula experimental de crossfit.
Desmotivado, havia largado os esportes. Foi paixão ao primeiro treino. Atividades como escalar paredes, pendurar-se em argolas de ginástica e pular caixas de um metro de altura se tornaram parte da rotina.
Formado em Gestão Financeira, João hoje é palestrante e competidor da modalidade. Para o atleta, ver o lado positivo das situações que a vida o apresenta é uma filosofia de vida:– O João Saci é uma pessoa muito melhor do que o João Carlos Costa. O câncer me fez quem eu sou.