O fato novo da eleição de outubro se chama Joaquim Barbosa. Mineiro, 63 anos, ainda não assumiu a candidatura. Se isso ocorrer, a tendência é de que o eixo da disputa mude radicalmente, por um motivo que são três: Joaquim Barbosa é, ao mesmo tempo, Lula, Moro e Bolsonaro.
É Lula por sua origem popular, filho de um pedreiro e de uma dona de casa. Estudou em colégio público, trabalhou desde cedo, é o primogênito de oito irmãos.
É Moro porque é juiz. Tem doutorado em Direito Público em Paris, escreveu livros, foi escolhido pela revista Time como uma das cem pessoas mais influentes do mundo em 2014. Mais que tudo: foi presidente do STF e relator do mensalão, quando aceitou denúncias contra 40 réus.
É Bolsonaro porque tem fama de durão e de intransigente com a corrupção. Mesmo filiado ao Partido Socialista Brasileiro, tem um discurso e uma trajetória institucional que inspiram a confiança de setores da direita.
Se tornará ainda mais forte se conseguir atrair uma mulher para a sua chapa. Marina Silva é um dos nomes lembrados. Nesses tempos de polarização, me vejo compelido a deixar claro: minhas observações jornalísticas sobre Joaquim Barbosa nada tem a ver com preferências pessoais. Procuro aqui fazer uma análise baseada em fatos, como a que fiz meses atrás alertando para o crescimento da candidatura de Jair Bolsonaro.
Joaquim Barbosa nem pré-candidato é ainda. Talvez não concorra. Apesar da conjunção de fatores a seu favor, terá ainda um longo caminho antes sonhar com o Planalto. Suas ideias no campo econômico precisam de mais luz e sua falta de experiência em gestão pública e na política são desafios concretos e fundamentais. Mesmo assim, Joaquim Barbosa se anuncia como mais um protagonista no já confuso e incerto quadro da sucessão presidencial.