Bastaram os dois primeiros episódios para The Old Man ser renovada para uma segunda temporada. E bastou o capítulo de estreia para eu me apaixonar pela série estrelada por Jeff Bridges e em cartaz na plataforma Star+.
The Old Man é a adaptação do romance homônimo publicado em 2017 pelo escritor estadunidense Thomas Perry e inédito no Brasil. Com sete episódios na primeira temporada, foi desenvolvida por Robert Levine e Jonathan E. Steinberg, criadores de Black Sails (2014-2017), e é a primeira série protagonizada por Bridges, 72 anos, ganhador do Oscar de melhor ator por Coração Louco (2009) e indicado por outros seis filmes: A Última Sessão de Cinema (1971), O Último Golpe (1974), O Homem das Estrelas (1984), A Conspiração (2000), Bravura Indômita (2010) e A Qualquer Custo (2016).
Nos Estados Unidos, onde os episódios foram lançados semanalmente pelo canal FX (na Star+, todos os sete da temporada inicial já estão disponíveis), The Old Man atraiu quase 1 milhão de espectadores na estreia, em 16 de junho. E foi a série mais assistida de todas as plataformas nas três semanas seguintes, de acordo com o site Reelgood.
É fácil entender essa capacidade de atração, mas é difícil explicar, porque eu poderia acabar jogando contra. The Old Man requer do espectador o mínimo conhecimento possível, pois sua trama está cheia de surpresas e seus personagens são cheios de segredos. Estamos, simultaneamente, diante de um quebra-cabeças e de um jogo de gato e rato — nesse sentido, o logotipo da série é muito feliz ao (consciente ou inconscientemente) simular um diagrama de caça-palavras, um tabuleiro.
Evitando ao máximo spoilers, o que dá para dizer é que no tenso (e por fim violento) episódio de estreia — esplendidamente dirigido por Jon Watts, o realizador da trilogia do Homem-Aranha protagonizada por Tom Holland — somos apresentados ao personagem de Jeff Bridges. Trata-se de Dan Chase, um homem velho e viúvo que, de madrugada, acorda várias vezes para ir ao banheiro e que parece enfrentar os primeiros sinais de demência. Sua rotina pacata - mas temperada por um senso de humor meio sarcástico, meio rabugento e totalmente delicioso — inclui conversas ao telefone com a filha e passeios com os cães Rottweiler batizados com nomes de gente: Dave e Carol.
Entrementes, conhecemos outro personagem importante, também envolvido com uma questão de luto familiar, mas bem mais recente. É Harold Harper, interpretado por outro grande ator da geração de Bridges: John Lithgow, 76 anos, indicado ao Oscar de coadjuvante por O Mundo Segundo Garp (1982) e Laços de Ternura (1983) e vencedor de seis prêmios Emmy — um por Amazing Stories (em 1986), três por 3rd Rock from the Sun (em 1996, 1997 e 1999), um por Dexter (em 2010) e um por The Crown (em 2017).
Não demora para sabermos que todos os personagens — até os cachorros! — têm um lado oculto, uma personalidade diferente e habilidades insuspeitas. Não demora para descobrirmos que o passado de Dan Chase voltou à tona para ameaçá-lo e que esse passado está ligado a questões geopolíticas, o que permite à série trafegar entre o drama íntimo e a Guerra Fria e lançar mão de flashbacks nos quais o ator Bill Heck encarna um jovem Jeff Bridges.
A sinopse oficial de The Old Man entrega muito mais, mas eu vou parar por aqui. Assista à série como eu fiz: sabendo muito pouco. Assim, cada reviravolta será de cair o queixo, cada final de episódio será de roer as unhas e apertar o controle remoto para ver o próximo.