Marilyn Monroe é eterna. Quase 60 anos após sua morte, ocorrida em 4 de agosto de 1962, um dos maiores ícones do século 20 segue em alta no terceiro milênio.
Em maio, o célebre retrato da atriz feito por Andy Warhol (1928-1987) foi leiloado pela Christie's, por US$ 195 milhões — ou pouco mais de R$ 1 bilhão — em Nova York, nos Estados Unidos. O valor pago por Shot Sage Blue Marilyn, pintado pelo artista pop em 1964, é recorde para uma obra produzida na era 1900.
Na última quinta-feira (16), um trailer de Blonde (2022) foi um dos assuntos mais comentados na internet. Muito por conta da caracterização da atriz cubana Ana de Armas, que interpreta Marilyn no filme do diretor Andrew Dominik baseado no romance homônimo escrito por Joyce Carol Oates, com previsão de estreia em 23 de setembro, na Netflix.
Morta aos 36 anos em circunstâncias nebulosas — tema central do documentário O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas, dirigido por Emma Cooper e lançado pela Netflix no final de abril —, Marilyn talvez tenha sido a grande diva do cinema. Sua carreira foi curta, cerca de 15 anos, mas marcante, ainda que jamais tenha concorrido ao Oscar.
Se você nunca viu um dos 20 e poucos longas-metragens estrelados pela atriz, a boa notícia é que pelo menos cinco deles estão disponíveis em plataformas de streaming (veja logo abaixo). A má é que estão fora de catálogo dois títulos essenciais: O Rio das Almas Perdidas (1954), de Otto Preminger, e Nunca Fui Santa (1956), de Joseph Losey.
Tentativa de Marilyn de mudar o tipo de personagem sensual que marcava sua imagem, O Rio das Almas Perdidas era citado por ela como seu pior trabalho, não tanto pelo resultado, mas sim por sua turbulenta realização. Na história ambientada no Velho Oeste à época da Corrida do Ouro, ela vive uma cantora de saloon dividida entre dois homens: seu namorado golpista (Rory Calhoun) e um fazendeiro (Robert Mitchum). Preminger queria evitar o uso de dublês em cenas nas corredeiras, o que resultou em acidentes com o elenco. Mitchum vivia embriagado e chegou a ser preso por posse de maconha.
Já famosa e milionária, Marilyn lançou-se como produtora em Nunca Fui Santa para ter mais controle sobre seus trabalhos — e ela já tinha bastante pois, mesmo sob contrato com a Fox, só filmava o que queria e com quem queria. No papel que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro, vive Cherie, cantora de bar que sonha em ser atriz. Ela acaba se envolvendo com um caubói (Don Murray) que tenta mantê-la sob rédeas. Esta performance de Marilyn é reconhecida como uma das melhores de sua carreira. O segundo filme produzido pela atriz foi O Príncipe Encantado, rodado em Londres, cujos bastidores são tema do longa Sete Dias com Marilyn (2011), de Simon Curtis, em cartaz no Amazon Prime Video e no Belas Artes à La Carte. Curiosamente, Michelle Williams disputou o Oscar por interpretar Marilyn Monroe.
Os Homens Preferem as Loiras (1953)
De Howard Hawks. Comédia musical de tom burlesco, se passa em um cruzeiro rumo a Paris que leva a bordo duas coristas, a loira Lorelei (Marilyn) e a morena Dorothy (Jane Russell). Lorelei ficou noiva de um playboy, e o pai do rapaz, desconfiado de que a moça é uma bisca interesseira, coloca um detetive na cola das amigas. Momento clássico: o número musical Diamonds Are a Girl's Best Friend, protagonizado por Marilyn, já ganhou versões de estrelas pop como Christina Aguilera e Kylie Minogue e inspirou o clipe de Madonna Material Girl. (Star+)
Torrentes de Paixão (1953)
De Henry Hathaway. Pela primeira vez, o nome de Marilyn foi o primeiro a aparecer nos créditos, ratificando seu status de estrela de Hollywood. Durante a visita de dois casais às cataratas do Niagara (título original), fortes tensões surgem entre Rose e seu marido, George (Joseph Cotten). A situação se agrava quando a segunda dupla romântica acaba se envolvendo na história. (Star+)
O Pecado Mora ao Lado (1955)
De Billy Wilder. Marido certinho (Tom Ewell) despacha esposa e filho para uma temporada de férias e cruza com uma nova vizinha. E que vizinha. Da primeira à última cena, Marilyn despenca queixos linda e exuberante, tanto posando de loira tonta e romântica quanto bancando o mulherão lascivo e ronronante capaz de levar o mais centrado dos homens a perder a cabeça. Foi o filme que a consolidou no topo do estrelato e apresentou uma das cenas mais memoráveis do cinema: Marilyn na calçada tendo a saia levantada pelo passar dos trens do metrô de Nova York. (Star+)
Quanto Mais Quente Melhor (1959)
De Billy Wilder. Após testemunharem um crime, dois músicos (Tony Curtis e Jack Lemmon) se disfarçam de mulher e ingressam numa orquestra feminina que tem como estrela a voluptuosa Sugar Kane (Marilyn, premiada com o Globo de Ouro). Se o personagem de Curtis dá um jeito criativo de pegar a loira, o de Lemmon, resignado com sua nova condição, proporciona o mais surpreendente desfecho de um filme de todos os tempos. Marilyn, pela segunda vez, levou o diretor Billy Wilder à loucura no set, atrasando as filmagens e esquecendo suas falas. (Globoplay, MGM e Telecine)
Os Desajustados (1961)
De John Huston. O dramaturgo Arhur Miller, então casado com Marilyn, escreveu o roteiro original especialmente para ela.
Acabou sendo o trabalho derradeiro da diva e também de outro grande ícone do cinema, Clark Gable (que morreu em 1960, poucos meses após as filmagens). Este drama amargo e pessimista espelha a turbulenta vida pessoal de Marilyn naquele momento. Acima do peso e mostrando sinais dos excessos com álcool e barbitúricos, ela vive Roslyn, mulher que na tentativa de se recompor após o divórcio se aproxima de um grupo de homens problemáticos e frustrados, entre eles o criador de gado interpretado por Gable. (Looke, MGM e para aluguel em Amazon Prime Video e Apple TV)