A máxima "Não é só um jogo" casa perfeitamente com o Super Bowl. A final da NFL, a liga de futebol americano, é célebre pelas atrações musicais e também dá palco a filmes e a séries. Como Família Soprano (The Sopranos), revivida — em parte — na noite de domingo (13), quando o Los Angeles Rams sagrou-se campeão pela quarta vez ao derrotar o Cincinnati Bengals por 23 a 20.
O show do intervalo, que já contou com cantoras como Madonna, Beyoncé, Katy Perry e Lady Gaga, neste ano destacou os rappers Dr. Dre, Snoop Dogg, Eminem, Mary J. Blige, Kendrick Lamar e 50 Cent. Entre os trailers lançados, estavam os de Cavaleiro da Lua, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, Sonic 2 e Nope, o novo trabalho do cineasta Jordan Peele.
Mas coube a um comercial de 60 segundos (veja abaixo) tornar-se um dos assuntos mais comentados, por atiçar a nostalgia dos fãs da melhor série de todos os tempos.
Foi a propaganda da primeira versão elétrica da Silverado, caminhonete produzida pela Chevrolet, marca pertencente à montadora General Motors (GM). O filme publicitário da agência Commonwealth/McCann recriou, cena por cena, a abertura (assista à original abaixo) de Família Soprano (1999-2007), ganhadora de 21 troféus Emmy e disponível na HBO Max. O diretor foi justamente David Chase, criador da série, tendo a seu lado Phil Abraham, responsável pela fotografia de 47 dos 86 episódios estrelados pela família mafiosa de New Jersey.
Está quase tudo lá, com as devidas atualizações. A música é a mesma, Woke Up this Morning, da banda inglesa Alabama 3, e o espectador se sente dentro de um carro que pega a ponte para New Jersey, com o painel do veículo marcando a hora: 10h22min. Mas em vez de uma Chevy, estamos em uma Silverado; em vez das Torres Gêmeas da vizinha Nova York, derrubadas no atentado terrorista de 2001 (e, consequentemente, removidas dos créditos de abertura do seriado), avista-se o One World Trade Center; em vez de pararmos em uma cabine de pedágio, seguimos em frente graças ao EZ-Pass; em vez de fumar um cigarro, quem está ao volante chupa um pirulito; e, fundamentalmente, a cadeira de motorista não é ocupada por Tony Soprano — seu intérprete, James Gandolfini, morreu em 2013, mas por Meadow, sua filha, novamente encarnada pela atriz Jamie-Lynn Sigler, hoje com 40 anos.
Há outras diferenças. Onde havia, na sequência original, um cemitério, vê-se um playground. Quando Meadow passa pela Satriele's Pork Store, uma placa diz que o local agora oferece carnes "sem antibióticos".
A grande surpresa foi guardada para o final. Depois de uma referência cômica à dificuldade que a personagem tinha para estacionar, Meadow reencontra o irmão, A.J., papel de Robert Iler, 36 anos, que abandonou a carreira de ator em 2009 para virar jogador profissional de pôquer. Os dois se abraçam, prestes a entrar em um restaurante — uma alusão ao muito debatido final de Família Soprano —, e o comercial, apropriadamente batizado de New Generation (Nova Geração, que vale tanto para os herdeiros de Tony quanto para o modelo elétrico da Silverado), acaba.
O que virá depois? Talvez seja melhor pensar em o que virá "antes". Seguindo a linha do filme Os Muitos Santos de Newark (2021, também em cartaz na HBO Max), que retrata o passado dos mafiosos, já começaram as conversas para um novo projeto envolvendo o jovem Tony Soprano, que é interpretado por Michael Gandolfini, 22 anos, filho do finado James.