Cartaz do Corujão I da RBS TV na virada desta sexta-feira (26) para sábado, à 1h55min, Plano de Voo (2005) explora um cenário por excelência para filmes tensos: o interior de um avião. Tripulantes e passageiros estão isolados do resto do mundo em um ambiente claustrofóbico, onde costuma haver uma corrida contra o tempo e qualquer imprevisto pode complicar bastante a situação. Seja por razões meteorológicas, seja por ação humana (ou até animal), voos turbulentos são convidativos quando encenados na ficção.
No cinema, essa vertente é variada. Inclui comédias pastelão, como Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu! (1980), ou dramáticas, como Herói por Acidente (1992); obras baseadas em fatos reais, a exemplo de Sully: O Herói do Rio Hudson (2016), dirigido por Clint Eastwood e protagonizado por Tom Hanks; filmes de terror B, tipo Serpentes a Bordo (2006); e suspenses psicológicos — categoria na qual se enquadra Plano de Voo — ou investigativos, caso de O Voo (2012), de Robert Zemeckis, em que o piloto encarnado por Denzel Washington evita um desastre, mas seu heroísmo é posto em xeque por ser alcoólatra.
Seriados, que precisam dilatar a ação em um determinado número de episódios, fazem do avião um microcosmo no qual podem desenvolver personagens e dramas. Investem em mistérios que serão desdobrados ao longo dos capítulos, a exemplo do icônico Lost (2004-2010) ou do recente Manifest (que estreou em 2018), ambos sobre passageiros desaparecidos. O tom pode ser apocalíptico, como visto na enxuta e ótima primeira temporada de Noite Adentro (2020).
A série belga, em que um militar italiano ordena a mudança no destino de um voo que iria para Moscou, também flerta com a seara do terrorismo aéreo. Filmes sobre aviões sequestrados não eram inéditos antes do 11 de Setembro — em Força Aérea Um (1997), por exemplo, o próprio presidente dos Estados Unidos (Harrison Ford) é atacado por partidários de um ditador do Cazaquistão.
Mas os eventos de quase 20 anos atrás tornaram-se um espectro que injeta tensão extra a títulos como Voo Noturno (2005), de Wes Craven, Sem Escalas (2014), de Jaume Collet-Serra, e 7500 (2020), de Patrick Vollrath — e também renderam um fabuloso docudrama, Voo United 93 (2006), em que o cineasta Paul Greengrass reconstitui o que teria acontecido na única aeronave tomada pela Al-Qaeda que não atingiu seu alvo.
Plano de Voo pode não ter um assento na primeira classe, mas garante ao espectador 98 minutos de entretenimento intrigante — talvez desesperador. Foi o primeiro filme em Hollywood do diretor alemão Robert Schwentke, que depois faria Red: Aposentados e Perigosos (2010) e dois segmentos da trilogia Divergente. Na trama, Jodie Foster interpreta Kyle, engenheira americana que se prepara para voltar a Nova York com a filha após a trágica morte do marido em Berlim.
Abalada pelo trauma, a protagonista tem visões sobre os últimos instantes do casal e espera que o retorno para os EUA com Julia (Marlene Lawston), de seis anos, dê a ambas a chance de recomeçar a vida.
Elas embarcam num moderno avião, o qual Kyle ajudou a projetar. Ao despertar do sono, a mãe percebe que Julia desapareceu. Como assim? Eis o mistério. Contar mais é dar spoiler, mas dá para dizer que o elenco inclui Sean Bean como o capitão do voo e Peter Sarsgaard como um policial.