Não posso dizer que Teixeirinha faz parte de minha formação musical. Não, minhas inclinações sempre foram mais para o lado da música argentina do que para o regional popular gaúcho e brasileiro. Confissão feita, preciso contar que esse assunto despertou meu interesse nos últimos dias.
Recebi a recente lançada biografia do artista, Teixeirinha Coração do Brasil, escrita pelo colega jornalista Daniel Feix e produzimos um Galpão Crioulo na RBS TV comemorando os 60 anos do lançamento do primeiro compacto do Rei do Disco. E o encantamento chegou!
Talvez não tivesse o tempo necessário de entender a grandiosidade desse artista do povo para fazê-lo parte da minha referência artística gaúcha. Nos últimos dias, me aproximei da carreira e da vida de Teixeirinha. Quem ouviu o Galpão Crioulo da Rádio Gaúcha no domingo passado pode conferir um programa especial com a participação de Feix e de Márcia Teixeira, uma dos nove filhos dele, e atualmente presidente da fundação que leva seu nome. E foi uma aula. Um programa para falar a verdade, sem perguntas veladas.
Falamos do início, da história de vida de Teixeirinha, das perdas de pai e mãe ainda muito criança e o quanto isso forjou sua personalidade como chefe de família e artista. Lembramos de canções, o sucesso de Coração de Luto que sozinha vendeu 25 milhões de cópias, do processo de biografia e de pessoas com tantas lembranças e vivências como fã com ele.
Foram mais de 15 anos de Feix envolvidos no processo de nos contar essa história no livro, disponível nas livrarias. A obra traz um formato de reportagem, com a emoção daqueles que compartilharam suas histórias com Vitor Mateus.
Mary Teresinha, um capítulo fundamental na carreira do artista e porque não dizer, na vida, por muito tempo assunto velado, tem garantido também seu depoimento na obra. Assim como a convivência quase maternal dela com a esposa de Teixeirinha, Zoraide, falecida há pouco tempo.
É incrível perceber a magnitude da vida e do sucesso de Teixeirinha. Posterior a Gildo de Freitas e Pedro Raimundo, contemporâneo do conjunto Farroupilha, conseguiu alcançar com suas músicas pessoas dos mais diferentes lugares e classe sociais. Isso em um tempo em que a internet e o streaming nem pensavam em existir; que televisão era artigo de luxo e que o rádio construía o sucesso de um artista que o povo amava.
Vale muito conhecer melhor Teixeirinha, o que fez em vida — e segue fazendo com sua obra — despindo-se de qualquer receio para conhecer esse artista gente como a gente. Isso é possível lendo o livro e visitando a fundação em Porto Alegre, que guarda artigos pessoais e memória, ouvindo o podcast do programa no aplicativo GaúchaZH ou assistindo o Galpão Crioulo na RBS TV em 8 de dezembro. Vais, tenho certeza, assim como eu, (re) apaixonar-se por esse capítulo fundamental da música brasileira!