Vi várias publicações nos últimos dias sobre o sem fim do mês de janeiro. Confesso que não me dei conta até buscar os assuntos para contar para vocês aqui na coluna. Percebi que a cultura gaúcha, mesmo em época tradicionalmente “de baixa”, já nos apresenta várias novidades. Aqui vão algumas dicas para quem aprecia a arte regional.
Paquito e Joia
Figuras conhecidas em vários grupos da música regional gaúcha e em gravações de álbuns de outros tantos, como Walther Morais e Wilson Paim, estão juntos há quatro anos em dupla e lançam um novo álbum: Cantando a Vida e a Natureza. Com canções bem dançantes e um dueto de vozes, acertam na dupla infalível de gaita e violão. Confesso que algumas músicas nos remetem à sonoridade pantaneira, do Mato Grosso do Sul, onde tocam frequentemente. Nas minhas preferidas, está o chamamé que dá nome ao álbum. No próximo dia 15, eles me recebem no Cozinha de Galpão cheio de irreverência, música boa, charla e claro, boa comida.
Pedro Ortaça é mestre
Originado em um encontro proposto pela produtora Carla Joner no projeto Visceral Brasil, com a chancela do projeto Rumos Itaú, os mestres da cultura popular brasileira Pedro Ortaça (RS) e Bule Bule (BA) já se reuniram algumas vezes no palco, e agora lançam um vinil com capa assinada pelo artista Ronaldo Fraga. O desafio de unir o Sul e o Nordeste gerou parcerias musicais e registrou os dois troncos da arte brasileira na discografia nacional. O trabalho, composto por 10 faixas, traz canções autorais e homenagens de compositores, como Dionísio Costa que diz:
A cultura é um laço aberto que une o país inteiro
E permite a um missioneiro cantar com um nordestino
E neste abraço que junta Bule Bule e Pedro Ortaça,
É o Brasil que se abraça, tendo a arte por destino
É a terra missioneira e o sertão da Bahia
Se revelando em poesia, na pajada e no cordel
São vidas entrelaçadas, que falam pelas canções
Rejeitando imposições de caudilhos e coronéis
Um registro fundamental para a conservação da identidade brasileira e para integrar a arte do Sul a um entendimento de nacionalidade. Um bom acarajé para comer tomando mate, não é? Fica a dica: não está na hora de reconhecermos os mestres da arte gaúcha? Pessoas que dedicaram – e dedicam – suas vidas a fomentar a personalidade da nossa gente na poesia, na pesquisa e na música?! Uma valorização mais do que justa que daria a eles um lugar intocável no cenário gauchesco. Minha lista já tem vários nomes a serem incluídos.
E um parabéns
Falando em mestres, lembro de Telmo de Lima Freitas. Pois no próximo dia 13 completa 87 anos. Uma vida de gauchismo inigualável. Um cantautor do campo, da natureza, dos homens, da religiosidade e da existência. Parabéns, Tio Telmo. Quem comemora tua vida somos nós!
Como faz bem sentir o gosto da querência
Ouvir um grito explodindo no rincão
O venha, venha do tropeiro nas estradas
Rezando a prece, de retorno ao velho chão