A astrofotografia, que foi tema da coluna duas semanas atrás, inspirou o leitor Pércio de Moraes Branco, 73 anos, a enviar um e-mail contando que seu filho, o médico Daniel, que mora nos Estados Unidos, pratica a fotografia do céu e dos astros por lá. Mas não apenas isso. Pércio também recordou de uma pequena aventura vivida em julho de 2019 com Daniel, com o neto Lorenzo e a esposa, Jane, em The Wave, no Arizona. O geólogo especializado em pedras preciosas e apaixonado por desertos sonhava há muito tempo em conhecer o lugar, mesmo sem imaginar como era difícil alcançar a meta.
— Se soubesse das dificuldades, teria desistido — acredita Pércio, que mandou o relato a seguir:
"The Wave, no Arizona, o destino mais cobiçado por fotógrafos dos Estados Unidos, é tão incrível, que alguns duvidam ser verdadeiro ou natural o que veem em fotos. O local é famoso porque oferece dois grandes desafios: o acesso difícil e a loteria que é obter autorização para entrar lá. Fica a 320 quilômetros de Las Vegas e a 290 do Grand Canyon do Colorado. Era praticamente desconhecido até 22 de julho de 2009, quando a Microsoft lançou o Windows 7 com uma bela foto do lugar como papel de parede. A área é selvagem e assim ficará indefinidamente por decisão do Congresso norte-americano. Assim, contratar um guia na véspera é o meio mais seguro (mas não indispensável) de visitá-lo.
Só 20 pessoas por dia, escolhidas por sorteio, fazem a visita. A inscrição pela internet custa US$ 5 e pode-se selecionar três datas, para quatro meses depois, e a autorização vale para um só dos três dias selecionados. Para as outras 10 vagas, a inscrição é válida para o dia seguinte e tem que ser presencial, em Kanab, melhor ponto de partida para a viagem (60 minutos de carro). Para o Bureau of Land Management, não interessa quem vai, mas quantos vão. A inscrição presencial é gratuita, mas o ingresso custa US$ 7 (em dinheiro) por pessoa.
The Wave NÃO fica num parque. É totalmente desabitado, e lá se chega após caminhar cinco quilômetros por uma trilha com trechos de areia solta e outros de rocha. É região semiárida e sem nenhuma infraestrutura, nem um boteco, nem internet. O visitante vai por sua conta e risco, e só terá apoio em caso de emergência. São cinco quilômetros de dura caminhada, mais cinco quilômetros para voltar, além do que se caminha lá, sob um calor intenso.
No dia do nosso sorteio presencial, só 65 pessoas disputavam as 10 vagas — em outras datas, há até 150 pessoas por vaga. No inverno, a procura cai, mas a neve pode deixar a trilha intransitável e impedir que se vejam as famosas ondas de arenito. Entrar sem permissão resulta em multa de US$ 1 mil e prisão. A autorização de entrada é em duas vias: uma fica no carro e a outra, na mochila de um dos participantes, ambas em local bem visível.
Os sorteados ouvem palestra de 60 minutos com orientações e conselhos antes da visita. A recomendação é levar 1,5 litro de água por pessoa e comida e roupas extras caso seja preciso pernoitar. Se alguém não puder continuar, todos devem voltar. Antes de pegar a trilha, também deve-se preencher formulário com nome de todos os membros e um telefone de contato para emergência; é preciso avisar esse contato ao entrar e sair; na saída, assinar de novo o formulário, informando que todos voltaram. A trilha tem seis marcos com 1 metro de altura por 5cm de largura, não muito visíveis. Os participantes recebem um pequeno mapa com fotos do relevo, fundamental para a orientação. Pegadas na areia ajudam bastante, mas não existem nos trechos de rocha.
Chegar ao famoso destino fez esquecer logo as agruras da caminhada: o local é deslumbrante! O ponto mais atraente mede só algumas dezenas de metros, mas os caprichosos e delicados desenhos das lâminas do arenito, formadas pelo vento e esculpidas pela água e o vento, são maravilhosos. As ondulações e as sinuosidades da rocha e a combinação de cores são espetaculares. As atrações geológicas incluem pequenas perturbações no regime de deposição da areia, talvez devidas à passagem de dinossauros, pois há pegadas deles na região norte de Coyote Buttes."
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Uma mesa digital
Desde o início da pandemia, no ano passado, o Mesa de Cinema, que mistura cinema, gastronomia e viagem, migrou para o digital. O jantar servido, porém, é bem real. Funciona assim: você recebe a comida pronta em casa (é só aquecê-la), assiste ao filme por meio de um link enviado pela organização e depois, no horário determinado, acompanha um debate sobre a produção.
A primeira edição de 2021 ocorreu no dia 20 de março, com o filme Conto de Outono e um jantar de inspiração francesa. A próxima edição está marcada para 24 de abril, e a produção escolhida é A Cem Passos de um Sonho, uma delícia de filme. O serviço estará disponível para São Paulo, Porto Alegre, Vale do Sinos e serra gaúcha (Gramado, São Francisco de Paula e Canela). Eu, que já estive nos eventos presenciais, tenho participado desses a distância, o que tem me servido de alento em tempos de distanciamento social.
À frente do Mesa de Cinema desde 2005, Rejane Martins afirma que, mesmo que o evento volte à sua forma tradicional, a possibilidade de participar remotamente, recebendo os pratos em casa, deve ser mantida. No ano passado, foram nove edições, em 10 cidades, com público médio de 60 pessoas por edição, o mesmo número da versão presencial — uma delas teve caráter beneficente, para o projeto Voo Negro, que cede bolsas de estudo para formação de comissários de voo afrodescendentes em situação de vulnerabilidade.
Informações: mesaprodutora@gmail.com ou WhatsApp (51) 98029-1235
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Turismo pet na Capital
Que tal fazer uma trilha com seu pet? Essa é a proposta do pessoal do Clube Cusco, que vai acompanhar um pequeno grupo em um trajeto de três quilômetros, no próximo domingo, dia 11). A partir das 8h, o Aventure Eu + meu Pet percorrerá parte do Morro dos Alpes (também conhecido como Morro da Glória), em Porto Alegre. Os donos e seus cães serão acompanhados de adestradores e monitores.
Com as limitações impostas pela pandemia, ainda que seja ao ar livre, o número máximo de participantes é de 12 pessoas. Ao final da trilha, após cerca de duas horas de caminhada, é servido um café da manhã, também ao ar livre, com frutas, sucos, água, bolacha integral, doce e salgada, barra de cereal.
Inscrições: (51) 98654-2171 ou pelo ClubeCusco.poa.br. O custo por pessoa é de R$ 49,90.