Nas minhas incursões por cidades, bairros e ruas, inspirada na série 36 Hours, do New York Times, num sábado desses escolhi um roteiro pelo miolo do Bom Fim. O bairro que já foi considerado o mais boêmio de Porto Alegre ainda mantém uma boa quantidade de opções de bares, cafés e restaurantes que valem um passeio. Me concentrei no quadrilátero entre a Avenida Osvaldo Aranha e as ruas Vasco da Gama, Santo Antônio e Felipe Camarão.
1 - Comecei com o café da manhã na Ginkgo 788 (Osvaldo Aranha, 788). É uma mistura de floricultura e café. Não há muitas mesas, mas quando cheguei ainda estava vazia e fiquei bem instalada. A trilha sonora, com Chico Buarque, estava ótima, e deu para perceber, pela conversa ouvida no balcão, que, apesar de ser recente na região (foi inaugurada há pouco mais de um ano), já tem uma freguesia fixa. Para iniciar o dia, escolhi um café cortado e um muffin recheado com doce de leite. Saí sem nenhuma planta, já que a andança ainda seria longa.
2 - Caminhei pela Santo Antônio, por onde não passava havia tempos e onde há um restaurante do qual gostava muito, o indiano Suprem, e segui pela Irmão José Otto/Vasco da Gama. Como o café era recente, também passei ao largo da Mercopan, outra opção de parada.
Na João Telles, tive um revival de alguns anos atrás, quando frequentava o prédio da Sociedade Italiana (à direita na foto) para ter aulas do idioma, e o restaurante quase em frente, que agora abriga a badalada Ciao Pizzeria Napoletana. Também ficam próximos a Fluxo-Escola de Fotografia Expandida e o Museu Nacional das Migrações Judaicas (número 329, à esquerda na foto). Na esquina da João Telles com a Osvaldo, não custa lembrar, está o Ocidente, que dispensa apresentações.
3 - De novo na Osvaldo, não fujo nunca de uma entrada na Mistura Urbana, uma das lojas de objetos de decoração mais bacanas da cidade. É difícil sair sem nada, “coisista” que sou, mas resisti bravamente.
Só passei em frente à Lancheira do Parque, outro ícone do bairro, mas não consegui não entrar na loja Ao Crochét (foto ao lado), instalada ali desde 1935. Uma viagem no tempo: botões, zíperes, lãs, linhas, bordados e, como eles mesmos anunciam, “miudezas em geral”. Só os ladrilhos do piso já valem a visita.
Bom ver também na calçada uma banca com livros e, melhor ainda, gente interessada em folhear e comprar as obras.
4 - Me embrenhando de novo pelas vias transversais, o próximo café seria tomado na Cumbuca, misto de bistrô, café e padaria (Felipe Camarão, 594). Por ali foi só um expresso, mas saí carregada com pão, foccacia, croissants… E colei ali a etiqueta “bonito, bom e barato”.
Atalhei pela Rua Henrique Dias (a da eterna Confeitaria Barcelona) para chegar à Fernandes Vieira, e almoçar no Vincenzo (foto ao lado), restaurante italiano dos meus preferidos. Mesa no deck em dia de temperatura agradável e opção por um fettuccine com alcachofras, que não encontro em qualquer cardápio.
Essa mesma rua abriga várias opções gastronômicas, da tradicionalíssima delicatessen Sabra e seus produtos judaicos passando pelo espanhol El Basco e o recente Midbar, com culinária do Oriente Médio (incluindo árabe, judaica, marroquina…).
5 - O café pós-almoço e a sobremesa seriam no Café Cantante, ainda na Fernandes Vieira. Ele está ali há pelo menos uma década e durante uma época foi ponto de encontro com a turma, mas não ia ali há um tempão. Bom o reencontro. Para encerrar o sábado no Bom Fim, além das comprinhas que havia feito no Cumbuca, saí com um bolo de aipim do Fome de Bolo (número 666 na mesma rua, na foto ao lado). Ainda bem que os trajetos foram todos feitos a pé, para compensar as calorias!