Começou mal o governo Melo 2 em Porto Alegre. Fosse outro o prefeito nos últimos quatro anos, Sebastião Melo (MDB) poderia dizer que a culpa pelo alagamento que não poupou a Avenida João Goulart, onde fica a Usina do Gasômetro — local do segundo ato da cerimônia de posse —, era da "herança maldita" e da CEEE Equatorial, que ajudou a estragar a festa. Mas Melo, o prefeito reeleito, nem apareceu no salão do evento. Em uma decisão política rápida, deixou a sala reservada onde estava e trocou a parte festiva da posse pelo papel de prefeito tocador.
Com vários bairros alagados pela chuva que começou a cair minutos depois de ele encerrar seu discurso na Câmara, coube à vice-prefeita Betina Worm anunciar, na penumbra (já que faltou luz perto das 18h), o cancelamento da solenidade em que tomariam posse os secretários. As nomeações sairão nesta quarta-feira (1º) no Diário Oficial — ainda não há definição sobre um eventual ato simbólico.
Àquela hora, boa parte das cadeiras já estava ocupada por autoridades que não assistiram à posse formal, caso do presidente estadual do PL, Giovani Cherini, que tinha lugar reservado na primeira fila, ao lado da presidente da Câmara, Comandante Nádia (PL).
Os parentes do prefeito, que vieram de Goiás e foram direto para o Gasômetro, perderam a parte festiva. O local havia sido escolhido a dedo pelo simbolismo de ter sido um dos pontos de resgate de pessoas e animais durante a enchente. Seria também a reabertura da Usina do Gasômetro, depois de uma reforma que parecia interminável.
Ainda sem o mobiliário, que Melo espera conseguir com "parceirizações", a Usina não passou no primeiro teste. Quem estava lá testemunhou a ocorrência de goteiras no segundo andar, o que é incompatível com uma obra que acabou de ser concluída.
Os alagamentos estavam nas previsões do prefeito, que conhece bem as falhas do sistema de drenagem da cidade. Em sua mais recente entrevista a Zero Hora, disse que se chovesse novamente o que choveu em maio a cidade iria alagar. O que ocorreu no final da tarde deste primeiro dia de 2025 foi apenas uma chuva de verão, forte, mas muito diferente de uma enchente. O cancelamento da cerimônia teve como principal motivo a falta de luz, o que deve ampliar as críticas de Melo à Equatorial.