Em um mês, a gangorra bolsonarista desceu com a eleição — que não teve os resultados esperados pelo PL, apesar do crescimento —, subiu ao topo com a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e baixou de novo com a explosão de quarta-feira (13) à noite na Praça dos Três Poderes. O episódio reavivou a memória do 8 de janeiro de 2023.
Não que Francisco Wanderley Luiz fosse um expoente do bolsonarismo, mas as motivações por ele mencionadas nas mensagens que enviou antes do atentado coincidem com as do 8 de janeiro. Os ataques ao Supremo Tribunal Federal, o ódio ao ministro Alexandre de Moraes e aos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, formam um mosaico indissociável de outros atos que marcaram o final de 2022 e o início de 2023.
Ainda não se sabe se Francisco Wanderley era mesmo um lobo solitário ou se contou com ajuda para fabricar as bombas rudimentares que acabaram lhe custando a vida. Também não está claro se ele se suicidou ou se detonou os explosivos que tinha presos ao corpo por imperícia. O certo é que reacendeu o debate e ressuscitou outros dois episódios que estavam meio esquecidos, porque no turbilhão do 8 de janeiro passaram para o segundo plano.
Um é o protesto com queima de carros, com tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal, no dia da diplomação do presidente Lula. O outro, mais grave, a tentativa de explodir um caminhão carregado de querosene de aviação no Aeroporto de Brasília para forçar a declaração de estado de sítio às vésperas da posse. Também nesse caso o mentor do atentado era um desconhecido, aprendiz de terrorista, que acabou preso.