Previsto desde que o PSDB se dividiu e optou pela neutralidade em Pelotas, o apoio do governador Eduardo Leite ao candidato do PT, Fernando Marroni, foi confirmado nesta sexta-feira (18) no meio de uma entrevista à CNN, em São Paulo. Leite, que em geral, se manifesta pelas redes sociais, aproveitou uma pergunta sobre a declaração de apoio a Sebastião Melo em Porto Alegre para abrir o voto a Marroni:
— Na minha cidade, em Pelotas, eu deverei dar o meu voto ao candidato do PT, Fernando Marroni, embora eu não concorde totalmente com as ideias dele, embora eu tenha divergências. Mas o outro lado, além de se afastar muito mais da minha forma de ver o mundo e como o governo deva se organizar, o outro lado ainda apresenta uma candidatura que não consegue dizer com clareza o que quer para a cidade.
Leite repetiu os mesmos argumentos da presidente do PSDB, a prefeita Paula Mascarenhas, primeira entre os tucanos a abrir o voto para Marroni. Disse que o PSDB será oposição em Pelotas, seja qual for o vencedor da eleição, mas não poderia se omitir.
— Nós queremos o que é melhor, e num segundo turno, quando há duas opções, se não concordamos com nenhuma delas, ficamos com o menos pior. No caso do meu município, eu vejo um caminho que pelo menos dialoga, constrói, conhece as políticas públicas entre os dois candidatos que estão no segundo turno — justificou.
Paula foi mais explícita em relação aos que considera os defeitos do candidato do PL, Marciano Perondi, um outsider que nega os princípios da política.
O apoio de Leite coincide com um momento de avanço da influência do prefeito de Bagé, Divaldo Lara, sobre a campanha de Marciano Perondi (PL). Derrotado em sua terra natal pelo deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), Divaldo transferiu caminhões de som usados na campanha de Roberta Mércio em Bagé e mais o staff que trabalhou para a candidata derrotada.
Embora os tucanos evitem mencionar esse aspecto, o voto em Marroni é uma espécie de retribuição ao que o PT fez na eleição estadual: para evitar a vitória de Onyx Lorenzoni (PL), líderes petistas declararam o chamado “voto crítico” em Leite. O mesmo foi feito neste ano em Caxias do Sul, onde o PT recomendou voto em Adiló Didomenico (PSDB) para evitar a vitória de Maurício Scalco (PL).
Em 2012, Leite e Marroni foram adversários no segundo turno da disputa pela mesma prefeitura de Pelotas. Na ocasião, o tucano, então com 27 anos, foi eleito prefeito, cargo que ocupou até 2016.