No auge da enchente, quando o presidente Lula garantia que não faltaria dinheiro para a recuperação do Rio Grande do Sul, os céticos alertavam que, passada a comoção, o Estado deixaria de estar nas manchetes e em pouco tempo o Brasil, tão solidário naquele momento, esqueceria da tragédia. Quase cinco meses depois, o secretário do Tesouro Nacional admite cortar recursos do Estado para garantir o fechamento das contas e acalmar o mercado.
É hora de apelar ao ministro Paulo Pimenta, que por quatro meses comandou o Ministério de Apoio à Reconstrução, para que se envolva pessoalmente e evite o corte de recursos.
É o seu Estado e o ministro Paulo Pimenta precisa ser o primeiro a se unir ao governador Eduardo Leite contra possíveis cortes. Brigar pela manutenção dos recursos prometidos e pelas obras do PAC anunciadas pelo presidente Lula não fere o espírito republicano de governar para todos os Estados. Mesmo que hoje a situação pareça ter voltado à normalidade, todos os ministros de Lula sabem que o Rio Grande do Sul enfrentou uma catástrofe sem precedentes e que outras virão se as obras necessárias não forem feitas.
Mais de uma vez, Pimenta garantiu que os recursos ficariam depositados em um fundo, intocáveis, para financiar as obras do sistema de proteção contra as cheias, que serão geridas pelo governo do Estado. Esse dinheiro precisa ter uma espécie de carimbo virtual, até porque são obras de médio e longo prazo, que se estenderão para além de 2026. Não podem correr o risco de começar e parar, como ocorreu com as pontes do Rio do Sinos, em São Leopoldo, só agora concluídas e liberadas ao tráfego de veículos. Ou como a segunda ponte do Guaíba, que o então presidente Jair Bolsonaro inaugurou sem concluir as alças de acesso.