O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Das 497 cidades do Rio Grande do Sul, 43 já sabem quem será o prefeito, porque terão apenas um candidato à prefeitura nas eleições de outubro. São 10 a mais do que a disputa municipal em 2020, quando 33 nomes disputaram sozinhos a majoritária. No Brasil, o RS é o Estado com maior número de candidaturas únicas, seguido por Minas Gerais (41) e São Paulo (26).
Entre os solitários, cinco são de cidades que decretaram situação de calamidade pública após a enchente de maio: Feliz, Ponte Preta, Santa Tereza, Travesseiro e Vera Cruz. Em todas essas o candidato será reeleito.
Além dos cinco em calamidade, 34 cidades com um candidato foram atingidas pelos eventos climáticos e declararam situação de emergência. As outras quatro (Barracão, Ernestina, Unistalda e Vila Lângaro) não foram atingidas pela calamidade.
O perfil dos candidatos e futuros prefeitos revela que 41, dos 43, são homens. As duas mulheres são as atuais prefeitas de Pejuçara, Flaviana Basso (MDB), e de Santa Tereza, Gisele Caumo (PP). Dos candidatos únicos, 42 se declaram brancos e a maioria (25) tem Ensino Superior completo.
PP, com 13 concorrentes, e MDB, com 12, lideram a lista com mais representantes na eleição sem disputa. Serão ainda 12 chapas puras, sem coligações (seis do PP, cinco do MDB e uma do PDT). Entre as alianças, as mais inusitadas são as que juntam PT e PL, adversários que polarizam o cenário político nacional. A maior salada de frutas está em Cacique Doble, com nove partidos de diferentes ideologias e espectros reunidos: PT, PCdoB, PV, MDB, PP, PDT, PL, Podemos e União Brasil.
As informações foram extraídas da plataforma de dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Oficialmente, os candidatos únicos precisam de apenas um voto para que sejam eleitos.
Cenário no Brasil
Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), são 214 candidaturas únicas neste ano, o maior índice desde 2000, quando 137 disputaram sozinhos no Brasil. Além disso, a quantidade observada em 2024 é mais que o dobro de 2020 (107). A média populacional das cidades com candidato único é de 6,7 mil habitantes.
Ainda conforme o levantamento da CNM, as eleições municipais de 2024 terão 20% menos candidatos a prefeito no país — levando em conta candidaturas únicas ou não. Serão 15.441 postulantes nas urnas, enquanto em 2020 havia 19.379. Somente em 2000 foram tão poucos concorrentes, quando 15.155 pessoas disputaram o cargo.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, atribui a redução às dificuldades que "desestimulam" a entrada de cidadãos na vida pública:
— É uma queda significativa. Quando avaliamos todos esses dados juntos, pensamos na hipótese mais provável de que os desafios crescentes desestimulam as pessoas a entrarem na disputa eleitoral, especialmente para a vaga de prefeito, e não falo apenas da falta de recursos financeiros e de apoio técnico. As dificuldades incluem questões burocráticas e entraves jurídicos, que tornam a vida pública muito penosa na ponta.
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