O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Lajeado viu o nível do Rio Taquari ultrapassar os 30 metros em maio e superar qualquer registro histórico. Quando baixou a água, que desceu da serra arrastando tudo o que encontrava pela frente, o cenário na cidade era de severa devastação. Além da lama e da sujeira, o prefeito Marcelo Caumo (PP) estimou, no final daquele mês, que a enchente atingiu 15% da cidade e destruiu cerca de 600 casas. Mais de mil pessoas ficaram desalojadas no momento mais crítico da calamidade.
O contexto exige uma capacidade de reconstrução por parte do poder público, que terá que realocar famílias de áreas de risco, além aprimorar planos de prevenção e de enfrentamento de emergências. Dispostos a encarar o desafio, três nomes vão disputar a sucessão nas eleições de outubro.
Frente aos obstáculos que a maior enchente da história lajeadense impõe, o trio é unânime a respeito do ponto central que vai permear o futuro da cidade. Os três candidatos estão focados em fortalecer a resiliência de Lajeado, conscientes de que esta não foi a primeira e nem será a última cheia do rio a atingir o município.
Vice-prefeita quer dar sequência ao governo
Reeleito em 2020, Marcelo Caumo deixa a prefeitura em 31 de dezembro deste ano. Na tentativa de dar sequência ao trabalho iniciado em 2017, a chapa do governo é encabeçada pela atual vice-prefeita, Glaucia Schumacher (PP). Glaucia entende que o cerne a partir de agora terá de ser aprimorar o monitoramento do nível do rio e da previsibilidade de cheias.
— Antes subia o rio, passava dois dias, o pessoal limpava a casa e voltava. Agora, perderam a casa. Temos que pensar diferente. Vamos ter que criar formas de conviver sem tirar tudo do centro. Não posso mudar uma prefeitura, uma igreja, tem elementos que vão precisar ser resilientes, se adaptar. Tenho consciência de que é um desafio e toda a comunidade vai ter que estar junto — avalia a vice-prefeita.
Filha do ex-prefeito Cláudio Pedro Schumacher, Glaucia terá o ex-secretário da Fazenda de Lajeado Guilherme Cé (Novo) como candidato a vice, numa coligação que reúne ainda PL, PSDB e Republicanos.
MDB vai encarar disputa com chapa pura
Com a clareza de que a enchente terá que ser tema central da disputa eleitoral no município, o vereador Carlos Ranzi será o candidato a prefeito pelo MDB. Ranzi entende que a proporção da calamidade dá uma dimensão "mais apurada" sobre a importância do trabalho público:
— É uma situação diferente, mas alguém estará a frente (da prefeitura). Temos que aprender a lidar com isso com uma velocidade adequada, não podemos esperar acontecer. Não é novidade termos enchente (em Lajeado), essa foi a maior, mas esse processo de resiliência tem que ser mais veloz. Lajeado é um município pujante, temos condições de resolver.
O MDB terá chapa pura e, para disputar o pleito ao lado de Ranzi, indicou o também vereador Márcio Dal Cin, para concorrer a vice. A coligação será composta ainda por Podemos, PRD, PSB e PSD.
PT tenta voltar à prefeitura depois de oito anos
Outro vereador que vai encarar o desafio é Sérgio Kniphoff (PT). O pediatra e professor entende que o poder público deve ter uma preocupação maior com as famílias, muitas delas que terão de ser redirecionadas de bairro dentro da cidade. Mesmo assim, cita a importância de Lajeado aprender com seu histórico de conviver com as cheias do Rio Taquari:
— As cheias demonstraram o tipo de gestão que existe nessas circunstâncias. Uma cidade como lajeado, que já vive historicamente uma ou duas cheias por ano, foi citada como referência para outras cidades que tinham tido situações semelhantes. Passa ano e as fragilidades são as mesmas. Uma cidade que tem previsibilidade de ter cheias acaba se atrapalhando muito na hora que acontece por falta de cuidado e estratégia.
O vice de Kniphoff será Mateus Selke, presidente municipal do PDT e árbitro de futebol amador. O PT tenta voltar à prefeitura depois dos oito anos de gestão de Marcelo Caumo, cujo antecessor foi o petista Luis Fernando Schmidt.