Confirmou-se o que tinha sido previsto na reunião entre o governo federal e a cúpula da Fraport no dia 18 de junho e que a coluna publicou com exclusividade: o Aeroporto Salgado Filho será reaberto em outubro. Ainda não é o funcionamento pleno, mas serão pelo menos 50 voos diários, o que resolve em boa parte o problema de isolamento do Rio Grande do Sul.
Só em dezembro o aeroporto voltará a receber todos os voos que recebia antes da enchente — ou até mais, se for do interesse das companhias aéreas.
Naquela reunião, o CEO global da Fraport, Stefan Schulte, dissipou qualquer dúvida em relação ao interesse da companhia alemã em continuar operando o Salgado Filho. A confusão tinha sido criada com uma declaração precipitada da presidente da empresa no Brasil, Andrea Paal, respondendo a um questionamento da deputada Maria do Rosário (PT). Era uma cogitação para a hipótese de o governo não concordar com o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
No popular, Andrea colocou a carroça na frente dos bois, já que a discussão sobre reequilíbrio do contrato só ser dará depois que a operação for retomada plenamente e todos os prejuízos causados pelo alagamento forem levantados. Além disso, deverá levar em conta o valor que será coberto pelo seguro, informação que naquele momento era imprecisa. Ainda hoje, não está claro quanto do prejuízo terá cobertura do seguro.
A Fraport vem fazendo as obras necessárias com recursos próprios e poderá receber financiamento do BNDES para os investimentos mais pesados. A empresa pleiteia receber o dinheiro a que tem direito (reconhecido pela Anac), por conta dos prejuízos sofridos na pandemia.
O reequilíbrio do contrato, previsto para os casos de força maior, pode se dar de quatro formas:
- Ampliação do prazo da concessão
- Pagamento em dinheiro
- Aumento das tarifas aeroportuárias
- Entrega de outro aeroporto para a empresa operar
Será uma negociação longa, que envolve a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e deve ter o aval do Tribunal de Contas da União.
A reabertura temporária do Salgado Filho em outubro não é o ideal, mas bem melhor do que a previsão que deixou os gaúchos assustados, de retomada das operações “antes do Natal”. Aquele era o prazo definido para a pior das hipóteses, a de precisar reconstruir toda a pista.
Os ensaios feitos por laboratórios especializados constataram que o alagamento prejudicou a sub-base, aquela camada que fica abaixo do asfalto visível, de uma parte da pista. É essa recuperação que será feita a partir de agora, começando pelo trecho mais ao norte, já que a parte nova, construída pela Fraport na ampliação, não foi afetada.
A demora no início das obras se explica pelo tempo exigido pelos laboratórios para apresentar a conclusão dos estudos técnicos sobre os estragos provocados à pista e a área de manobra dos aviões.