A demora na volta das operações no Salgado Filho acabou criando até disputa por uma estrutura alternativa porque aeroporto não serve apenas para sair em férias ou fazer bate-e-volta para reuniões em São Paulo.
Dependem dessa operação tanto o turismo quanto a exportação de produtos mais valiosos, cujo valor permite "pagar passagem de avião". A perspectiva de retomada parcial em outubro dá relativo alívio à economia. Ainda restam quase três meses de operações mais restritas e quase cinco para voltar ao que havia antes da enchente (sim, contando...).
Além disso, a informação de que as operações vão ocorrer em apenas 1,7 quilômetro de pista significa mais do que uma volta ao tempo. Antes da ampliação, lembra Paulo Menzel, presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura (InteLog), o tamanho era de 2,25 quilômetros. Neste caso, é melhor 1,7 quilômetro voando do que 3,2 quilômetros no chão.
Mas o encurtamento da pista significa que não haverá conexões internacionais, com aviões maiores que exigem pista maior. E também que a carga transportada via aérea vai depender de espaço ocioso dos voos de passageiros.
A enchente interrompeu um processo virtuoso, que era o aumento do transporte de carga aérea no Estado. Conforme reportagem do colega Rafael Vigna, até abril, 11,4 mil toneladas de mercadorias haviam decolado do Salgado Filho, maior volume no período desde a ampliação da pista, há seis anos.
Definido o prazo, é essencial que governo federal e Fraport, a concessionária do Salgado Filho, sejam absolutamente transparentes nas condições que permitiram a definição desse cronograma.
Por mais que a gestão do Porto Alegre Airport esteja privatizada, o serviço que presta é público. Sejam quais forem as condições, não serão financiadas por "verbas públicas", mas por dinheiro dos contribuintes.
É bom, inclusive, que continue a disputa dos projetos alternativos ao Salgado Filho. Não só para ter um aeroporto que seja um Plano B em caso de contingência, mas para atender às necessidades de um Estado que não quer e não pode ter apenas uma porta de entrada, seja para pessoas ou para negócios.
*Esta nota está em atualização
A disputa dos projetos alternativos
Vila Oliva internacional
Estágio: seria o mais adiantado em licenças e autorizações e, quando esse processo for concluído, precisaria de mais um ano e meio até o início da construção.
Investidor: estaria definido, mas é mantido sob sigilo.
O que falta: concluir a etapa de licenças e autorizações e licitar a construção.
Aposta de viabilização: seria focado em carga, da Serra ao sul de Santa Catarina.
20 de Setembro relocalizado
Estágio: não tem projeto elaborado e aposta no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) permite que "qualquer cidadão" construa aeroporto, desde que se enquadre às regras de segurança.
Investidor: não está definido; gostaria de contar com a Fraport, mas não descarta apoio de empresa chinesa não especificada.
O que falta: antes de mais nada, um estudo de viabilidade econômico-financeira, passo inicial de qualquer projeto.
Aposta de viabilização: agregaria hotéis, shopping, centro de convenções e até um centro de manutenção de aeronaves.