O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Está em curso uma articulação para retirar o deputado Giovani Cherini do comando do PL gaúcho e alterar a composição da comissão executiva estadual. O movimento é capitaneado pelos outros quatro deputados federais eleitos pelo partido no Rio Grande do Sul.
Descontentes com a gestão de Cherini, Bibo Nunes, Luciano Zucco, Marcelo Moraes e Ubiratan Sanderson já levaram o pleito ao presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto. Os deputados se queixam que o atual dirigente comanda a legenda de maneira individualista e reivindicam mais espaço nas decisões sobre as eleições municipais e o planejamento do partido.
— Julgamos que deve haver transição para que haja oxigenação e os deputados tenham oportunidade de participar da gestão partidária — diz Zucco.
O plano do grupo é nomear nova comissão executiva, que inclua os cinco deputados federais e os cinco estaduais — hoje, somente a deputada estadual Adriana Lara integra a instância de comando. A presidência ficaria com Marcelo Moraes, ao menos até 2025.
A despeito da mobilização da bancada, a derrubada de Cherini não seria um ato trivial. Homem de confiança de Valdemar, o deputado assumiu o partido em 2016, ainda nanico e sem nenhuma prefeitura no RS. Desde então, conseguiu abrir diretórios em 360 municípios e almeja lançar 250 candidatos a prefeito.
Ciente do movimento, o deputado diz que a ação dos colegas é "normal", mas alerta que a mudança no comando às vésperas da eleição provocaria um "tsunami" no PL:
— Não sou dono do partido, quem decide (sobre o comando) é o presidente nacional. O que posso oferecer é o meu trabalho. Agora o partido está grande, tem dinheiro e cria novos interesses. Jamais seria presidente do PL se não tivesse a confiança de Bolsonaro e Valdemar.
O atual comando do PL no Estado tem vigência formal até fevereiro de 2025. Entretanto, por se tratar de uma comissão provisória, pode ser destituído a qualquer momento pela executiva nacional.
Dono da maior bancada de deputados federais, o PL possui o maior tempo de propaganda e a maior fatia de recursos do fundo eleitoral. Além disso, conta com a força do ex-presidente Jair Bolsonaro, maior expoente da direita no país.
Aliás
Os indícios de que Cherini enfrenta turbulências apareceram ainda em março, quando Luciano Zucco pediu e levou a presidência do diretório de Porto Alegre e o comando de outras cidades importantes e mudou o rumo do PL nas eleições municipais.