A voz do presidente Lula já estava quase sumindo quando ele deu a manchete para a visita ao Rio Grande do Sul: o governo vai sentar com os governadores para discutir a renegociação da dívida dos Estados. Pouco antes, Leite havia agradecido pelas obras realizadas ou previstas para o Rio Grande do Sul e pedido a renegociação da dívida argumentando que, se reduzir a parcela paga à União, o Estado poderá ser ainda mais parceiro nos projetos capazes de melhorar a vida das pessoas, como Lula anunciou ser sua prioridade.
Lula foi enfático ao dizer que não é nenhum favor. Que o governo tem obrigação de sentar com os governadores e discutir a possibilidade de negociação. Antes de soltar foguetes é importante lembrar que essa é a intenção do presidente. Na prática, é preciso antes combinar com a equipe econômica e casar a renegociação das dívidas (que significará menos receita para a União) com a meta de déficit zero, com a qual o governo está comprometido.
Apesar da limitação vocal, Lula mostrou o mesmo vigor dos discursos feitos em visitas anteriores ao Rio Grande do Sul, desde seu primeiro governo, em 2003. Emocionou-se ao falar da necessidade de combater as desigualdades e mostrou indignação ao alertar que a democracia no mundo está ameaçada.
— A democracia está correndo risco. Para que a gente salve a democracia, nós temos que convencer o povo e temos que convencer os democratas de que não é possível defender a democracia com fome, racismo, com a desigualdade estampada no mundo — discursou Lula.