
Será que um garçom distraído pingou alucinógeno na água servida aos governadores do Sul e Sudeste em Porto Alegre? Se a ideia de suspender coletivamente o pagamento da dívida com a União tivesse surgido tarde da noite, até se poderia suspeitar de algum excesso no vinho do jantar.
Não. A ideia extravagante (para usar uma palavra elegante) surgiu à luz do dia, em uma reunião com os secretários de Fazenda. Os governadores reclamaram da dificuldade de interlocução com o Ministério da Fazenda, para discutir a renegociação da dívida dos Estados, e o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), levantou a ideia de os Estados suspenderem o pagamento ou deixarem de pagar os juros.
Falar em suspensão coletiva dos pagamentos é tão absurdo que um mais sensato deveria ter cortado a elucubração, dizendo algo como "por favor, senhores, não sejamos levianos".
Todos sabem o que está nos contratos: se atrasarem o pagamento da dívida, o governo federal tem a prerrogativa de cortar os repasses para os Estados no valor equivalente ao da prestação.
A dívida existe. Foi assumida pela União no governo Fernando Henrique Cardoso. De lá para cá, cláusulas foram alteradas, mudou-se o índice de correção, criou-se o regime de recuperação fiscal que, agora, até quem assinou quer mudar.