O decreto de emergência assinado nesta terça-feira (12) pelo governador Eduardo Leite ajuda no enfrentamento da dengue, mas não substitui a responsabilidade das famílias e das prefeituras. É preciso continuar batendo na tecla de que cada um precisa fazer sua parte, eliminando focos do Aedes aegypti, mosquito transmissor, que gosta de água parada. Significa colocar uma lupa sobre tudo o que pode representar perigo: do inocente pratinho com água colocado sob os vasos de plantas aos depósitos de carros, pneus e entulhos de qualquer natureza.
As prefeituras, responsáveis pela limpeza urbana, têm o dever de fiscalizar, orientar, remover lixo acumulado, borrifar veneno e fazer o que for possível para eliminar os mosquitos. O calorão previsto para os próximos dias aumenta a preocupação com a multiplicação dos focos e a contaminação de pessoas em um Estado que soma vinte mortes neste ano.
Ainda que a maioria dos mortos tivesse algum tipo de comorbidade, nas estatísticas também estão pessoas saudáveis. Aqui é preciso relembrar as orientações repetidas à exaustão pela secretária da Saúde, Arita Bergmann: não negligenciar os sintomas e evitar a automedicação.
Como os sintomas em muitas pessoas podem ser confundidos com os de uma gripe ou de covid, na dúvida é melhor procurar um serviço de saúde para tratar o mais depressa possível. Os técnicos das unidades básicas, das UPAs e das emergências estão preparados para encaminhar o paciente para o tratamento adequado, em casa ou nos hospitais.
O objetivo principal do decreto de emergência é pressionar no Ministério da Saúde a incluir os municípios mais afetados do Rio Grande do Sul na lista dos que receberão a vacina. É preciso lembrar, porém, que a vacina está sendo liberada apenas para adolescentes e em quantidades mínimas em comparação com o tamanho da população.
Por que o governo estadual não compra a vacina? Porque não existe disponibilidade no mercado. O Ministério da Saúde comprou tudo o que o laboratório japonês Takedo consegue produzir. Por isso, as remessas são feitas aos poucos e não há mais oferta na rede privada.
Nem de longe pode-se comparar a gravidade da dengue com a da covid, que chegou a matar mais de 4 mil pessoas por dia no Brasil em seu auge, em 2021. Mas dengue também mata e, por isso, o Estado e os municípios precisam de flexibilidade para comprar insumos necessários ao combate, seja repelente para distribuir nas escolas, seja inseticida para aplicar nos focos.