O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Depois de seis dias sem atender o telefone e sem se pronunciar sobre as citações ao seu nome decorrentes da Operação Tempus Veritatis, o senador Luis Carlos Heinze (PP) divulgou nota à imprensa nesta quinta-feira (15). Heinze inicia o comunicado dizendo que "em nenhum momento" cogitou, afirmou ou pensou em "sequestrar ou confiscar uma urna eletrônica".
Heinze não é investigado pela Polícia Federal. Ele, no entanto, foi citado na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Conforme a revista Veja, Cid relatou que Heinze integrava um grupo de aliados de Bolsonaro dispostos a desacreditar o sistema eleitoral.
Neste contexto, o delator teria afirmado que Heinze aconselhou Bolsonaro a usar as Forças Armadas para confiscar uma urna eletrônica, sem o aval da Justiça Eleitoral, para realizar testes que comprovassem a teoria conspiratória de fraude.
"Em nenhum momento cogitei, afirmei ou mesmo pensei em sequestrar, ou confiscar uma urna eletrônica. Todo aquele que afirmar algo nessa direção está faltando com a verdade e será processado por calúnia e difamação", disse o senador.
"As ações que empreendi após as eleições de 2022 são de domínio público e estão devidamente documentadas, não se baseiam em conjecturas ou delações. Diante das dúvidas em relação ao escrutínio e atendendo aos apelos por esclarecimentos dos meus eleitores, recorri aos mecanismos legais disponíveis, buscando a intervenção do Estado para a realização de uma investigação imparcial", defende-se Heinze.
O senador do PP afirma que enviou 10 ofícios a diferentes instituições, como Ministério Público, Ministério da Defesa e Controladoria-Geral da União. Heinze acrescenta que esteve na Advogacia Geral da União para requerer a investigação do caso conhecido como "radiolão" — factoide produzido por bolsonaristas a poucos dias do segundo turno, com a acusação jamais comprovada de que rádios do Nordeste teriam publicado menos inserções de Bolsonaro em relação a Lula.
Por fim, Heinze sugere que está sendo vítima de perseguição política.
"Desde quando buscar a verdade por meio de uma investigação constitui um crime? Ou estaria eu me tornando mais um alvo de perseguição política? As últimas duas semanas foram marcadas por uma série de reportagens com informações contraditórias. Esta situação não pode continuar. É imperativo que haja respeito, se não por mim enquanto indivíduo, pela função pública que me foi confiada por meus eleitores".
A nota não menciona a suposta reunião de 12 de novembro de 2022, após a eleição, quando Heinze teria se encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
Leia a íntegra da nota:
Diante das informações publicadas pela imprensa, venho a público esclarecer os fatos.
Em nenhum momento cogitei, afirmei ou mesmo pensei em sequestrar, ou confiscar uma urna eletrônica. Todo aquele que afirmar algo nessa direção está faltando com a verdade e será processado por calúnia e difamação.
As ações que empreendi após as eleições de 2022 são de domínio público e estão devidamente documentadas, não se baseiam em conjecturas ou delações. Diante das dúvidas em relação ao escrutínio e atendendo aos apelos por esclarecimentos dos meus eleitores, recorri aos mecanismos legais disponíveis, buscando a intervenção do Estado para a realização de uma investigação imparcial. Essa atitude está alinhada às responsabilidades inerentes à minha função pública e constitui um exercício legítimo do meu dever de fiscalização.
Nesse contexto, encaminhei ofícios ao Ministério Público Federal, ao Ministério da Defesa, à Controladoria-Geral da União, aos comandantes das Forças Armadas e ao Ministério Público Militar, totalizando 10 documentos. Todos acessíveis para consulta pública e foram divulgados na época — novembro e dezembro de 2022. Não é nada novo. Adicionalmente, estive pessoalmente na Polícia Federal e na Advocacia-Geral da União e apresentei denúncia sobre o caso que ficou conhecido como "radiolão". Reitero que não houve qualquer falta de transparência em minhas ações, nem no exercício do meu mandato. Jamais venderia minha dignidade.
Desde quando buscar a verdade por meio de uma investigação constitui um crime? Ou estaria eu me tornando mais um alvo de perseguição política? As últimas duas semanas foram marcadas por uma série de reportagens com informações contraditórias. Esta situação não pode continuar. É imperativo que haja respeito, se não por mim enquanto indivíduo, pela função pública que me foi confiada por meus eleitores.
Luis Carlos Heinze
Senador PP/RS