Embora o governo prefira dar destaque aos crimes que tiveram redução no mês de janeiro, como os assaltos a pedestres (-42%), os crimes no campo (-34%) e o roubo de veículos (-22%), é inegável que os homicídios contabilizados em janeiro fizeram soar o alarme no Palácio Piratini. Só em janeiro, foram 187, um aumento de 15% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
De acordo com o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, de cada 10 homicídios oito têm como pano de fundo o tráfico de drogas, seja pela briga entre facções, seja pela cobrança de usuários que devem aos traficantes. Entre os outros 20% estão pessoas como a estudante de Arquitetura da UFRGS Sarah Domingues, morta a tiros na Ilha das Flores sem ter qualquer envolvimento com o crime.
— Os traficantes matam usuários endividados para dar um aviso a outros devedores — diz o secretário.
Uma das cidades com índices mais preocupantes é Caxias do Sul, que teve 29 homicídios em 45 dias de 2024. Na visita à cidade, nesta quinta-feira (15), o governador Eduardo Leite prometeu reforçar o policiamento, com a entrada de mais cem soldados que se formam em agosto.
— Nossa prioridade absoluta é estancar o crime em Caxias, para que não se repita o que aconteceu em Rio Grande, que chegou ao final de 2022 como a cidade mais violenta do Sul do Brasil. Se for preciso, vou transferir para cá meu gabinete, o do comandante da Brigada e o do chefe de Polícia. Ficaremos aqui o tempo que for necessário — disse Caron, falando de Caxias, por telefone.
Antes da promessa de Leite, a Brigada Militar já havia reforçado o policiamento, com a entrada de mais 70 policiais do 1º e 4º batalhões de Choque, Bope e Batalhão de Aviação.
— Nosso foco é conter esse pico de homicídios, trabalhando de forma integrada com a Polícia Civil e demais órgão de segurança — reforçou o comandante da Brigada Militar, coronel Cláudio Feoli.
Em Santa Maria, que teve quatro homicídios em 12 horas, o número do mês é menor do que em 2023. De acordo com o secretário, nos primeiros 14 dias de fevereiro esse tipo de crime teve uma queda de 14%, mas o fato de terem ocorrido esses quatro assassinatos em curto intervalo de tempo preocupa o secretário.
Nas últimas horas foram presos três homens envolvidos com os assassinatos. Um quarto trocou tiros com a polícia, foi baleado e morreu.
ALIÁS
A coluna teve acesso aos dados das prisões efetuadas em Caxias neste ano de 2024. Das 17 ocorrências, em 11 o motivo da prisão ou apreensão (de menores) foi o porte ilegal de armas e em 10, o tráfico de drogas.