Na mesa quadrada em que gosta de trabalhar em seu gabinete minimalista, no terceiro andar do Centro Administrativo Fernando Ferrari, a secretária de Obras, Izabel Matte, mostra o "livrão" com todas as obras necessárias nas 2.342 escolas estaduais do Rio Grande do Sul. "Livrão" porque o relatório mais completo da situação dos prédios foi impresso em papel A3 (297mm X 420mm) para que todas as colunas ficassem legíveis. Ali estão todas as escolas com as obras necessárias classificadas pela urgência.
Quando chegou à secretaria há um ano, convidada pelo governador Eduardo Leite com a missão de acelerar as obras públicas, especialmente a reforma de escolas, Izabel constatou que precisava de um ponto de partida:
— Antes de começar, precisava saber o que tinha de ser feito. Depois de tantos anos sem dinheiro para investir, não havia um levantamento detalhado das necessidades. Foi preciso começar praticamente do zero.
Organizadas as informações e definidas as prioridades, o programa Lição de Casa começou a deslanchar, em paralelo com o Agiliza, de obras menores, executadas pelas próprias escolas com a liberação de recursos pela Secretaria da Educação. Esse trabalho preliminar explica por que não foi possível investir em 2023 todos os R$ 100 milhões disponíveis para o Lição de Casa.
Lançado em junho de 2023, o Lição de Casa contabiliza hoje 148 obras concluídas, ao custo de R$ 36 milhões. Destas, as mais caras foram a construção da Escola Indígena de Nonoai (R$ 4,6 milhões), a reforma da Boaventura Ramos Pacheco, de Gramado (1,9 milhão) e a reforma da Abramo Eberle, em Caxias do Sul (R$ 1,4 milhão).
Às vésperas do reinício do ano letivo estão em execução obras em 67 escolas, no valor de R$ 33,5 milhões. A mais expressiva é a reforma do auditório e do ginásio do Cristóvão de Mendoza, um dos mais tradicionais colégios de Caxias do Sul, que custará R$ 5,9 milhões e foi iniciada na quinta-feira (25).
Outras 39 estão em fase de elaboração do contrato e custarão ao Estado R$ 28,7 milhões. Destas, a mais cara é a reforma e ampliação da Margarida Pardelhas, de Cruz Alta, orçada em R$ 18,6 milhões.
Há ainda 11 em licitação, no valor estimado de R$ 3,1 milhões. Outras 14 precisam de atualização do projeto, somando R$ 1,7 milhão.
Izabel Matte trabalha em sintonia com a secretária de Educação, Raquel Teixeira, com quem se reúne regularmente para avaliar o andamento das obras. De sua equipe, exige atualização permanente do status da obra e explicações para eventuais atrasos, e não aceita desculpas esfarrapadas.
— A vigilância tem de ser permanente. As empresas contratadas precisam entregar o que está no contrato e nós temos de fiscalizar — diz Izabel, que se considera funcionária pública por vocação.
Arquiteta, ela poderia ganhar mais na iniciativa privada, mas tomou gosto pelo serviço público. Nos últimos anos, trabalhou na prefeitura de Porto Alegre e aceitou o desafio de organizar, no Estado, uma secretaria com histórico de morosidade.