Pessoas verdadeiramente comprometidas com a educação no Rio Grande do Sul têm um pesadelo recorrente: o risco de um apagão de professores em um futuro próximo. Não é um problema exclusivo do Estado, mas o sinal de alerta se acendeu há muito tempo. E se alguém acha que esse é um problema exclusivo da educação pública é porque vive numa bolha ou passou os últimos anos morando na Escandinávia.
Há muitos anos se constata que os cursos de formação de professores (pedagogia e licenciaturas em geral) vêm perdendo interesse tanto nas faculdades públicas quanto nas privadas. Com honrosas exceções, os melhores alunos do Ensino Médio não querem ser professores. Por isso, sobram vagas. E não raro os que se habilitam a essas vagas são os estudantes menos preparados.
Quem vai ensinar as crianças do Rio Grande do Sul nos próximos anos? Onde as escolas privadas irão buscar professores, se hoje estão perdendo os melhores para outros Estados ou para outras empresas? Como o Estado e os municípios vão preencher as vagas que se abrem a cada semestre com a aposentadoria dos professores?
Essas perguntas estão entre as mais ouvidas nos encontros regionais promovidos pela Assembleia Legislativa por iniciativa do seu presidente, Vilmar Zanchin (MDB).
A resposta mais óbvia é que para atrair bons professores é preciso melhorar os salários de entrada. E é, mas há outros fatores que não podem ser negligenciados. Professores precisam sentir-se respeitados e hoje um dos problemas que mais desencorajam o futuro mestre é o desrespeito generalizado por parte dos alunos de escolas públicas e privadas.
Hoje, uma professora de língua portuguesa e literatura que seja fluente em inglês ou espanhol está sendo tirada das escolas por empresas que precisam de assistentes com essa formação. Que ninguém se iluda: a inteligência artificial pode fazer coisas incríveis, mas jamais substituirá o professor.
ALIÁS
O projeto Professor do Amanhã, do governo do Estado, com a concessão de bolsas de estudo para alunos que optarem por cursos de licenciatura é um dos caminhos para evitar o apagão. As universidades comunitárias sugerem convênios para que os alunos não tenham de pagar mensalidade superior ao que vão receber depois de formados.