Não precisa sair na revista Time, nem se produzir uma capa fake, mas é certo que todos nós chegamos ao final do ano com a certeza de que, entre todas as pessoas que foram importantes, uma merecia o título de “person of the year”. São, em geral, pessoas da nossa família, mas seria óbvio demais escolher um deles para uma homenagem virtual neste ano que finda.
Para quem eu daria esse título? Para o doutor Jairo Lewgoy, e não preciso de muitas palavras para justificar essa decisão. Desde já me desculpo por fazer essa escolha, já que o dr. Jairo é uma das pessoas mais discretas que conheço. Mas não posso passar a régua em 2023 sem fazer este agradecimento público ao homem que me ajudou a passar de ano e estar aqui, pronta para as férias que no verão passado precisei cancelar.
O dr. Jairo Lewgoy é o oncologista que cuidou de mim ao longo de 2023, com uma equipe de anjos e anjas do Hospital Mãe de Deus. Quando ouvi de outro médico de estimação, o dr. Richard Magalhães, que me indicaria um oncologista da confiança, fiquei sem chão. A maioria de nós não gostaria de dizer “meu oncologista”, porque a frase vem acompanhada do medo e da incerteza.
Quando entrei pela primeira vez no consultório do dr. Jairo, no Centro Clínico Mãe de Deus, tentei quebrar o gelo dizendo algo como “acho que conheço o senhor como médico do ex-governador Alceu Collares”. E ele, com firme delicadeza, me disse que não poderia confirmar por questões éticas. Ali me conquistou pela certeza de que não estava diante de um ser midiático, mas de um ser humano. Cito aqui o Collares porque foi a esposa dele, Neuza Canabarro, que me falou do médico que cuidara do ex-governador quando ele teve câncer.
A primeira consulta foi um encontro de apresentação. Dele ouvi que precisava de mais exames do que aquela tomografia feita ao acaso, porque entrei na emergência por causa de uma crise renal e o exame mostrou os temidos linfonodos crescidos. Foram três anos de acompanhamento até aquele outubro de 2022 quando ouvi do dr. Jairo que chegara a hora de tratar. Suas palavras eram tranquilizadoras, sua dedicação à pesquisa e as muitas conversas me deixavam tranquila, mas preciso admitir que chorei. Tratar significava fazer quimioterapia com todas as suas consequências.
E as consequências da baixa imunidade foram muitas. Não falarei delas aqui, porque não vêm ao caso, mas preciso dizer que a presença do dr. Jairo, mesmo quando estava do outro lado do mundo em um congresso, me deu a confiança necessária para fazer o tratamento. Recusei a oferta do Mãe de Deus de acompanhamento psicológico porque me sentia segura de estar em boas mãos.
Hoje só tenho a agradecer a esse homem de alma única que tem uma filha linda, a Gabriela, que dedicou em 2023 as melhores horas de sua juventude à Liga de Combate ao Câncer.