O que teria sido uma simples renovação de convênio, dessas que ocorrem todos os dias no setor público, transformou-se num dos momentos mais emocionantes vividos pela secretária da Saúde, Arita Bergmann, desde o início do governo. Crianças em tratamento contra o câncer assinaram como testemunhas da renovação do convênio do projeto Tele Oncoped, entre o Instituto do Câncer Infantil e a Secretaria da Saúde. O serviço tem um número que deveria ser colado na porta da geladeira de quem tem filhos ou nos murais das escolas: 0800 511 2121.
É nesse número que funciona o Tele Oncoped, um serviço composto por telemedicina, consultoria especializada e capacitação profissional, que tem com objetivo fortalecer a rede assistencial de oncologia pediátrica no RS e reduzir o número de diagnósticos tardios da doença. A parceria também prevê o apoio do Estado à Casa ICI, que oferece suporte a pacientes em tratamento paliativo e seus familiares.
Por meio de ligações gratuitas para o Tele Oncoped, profissionais especialmente treinados orientam quem está diante de uma criança ou adolescente com suspeita de câncer. Está provado que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores serão as chances de cura.
Em operação há 18 meses, o projeto já vem apresentando resultados. Dos 100 casos atendidos, cerca de 40% apresentaram suspeita da doença. Destes, 27 tiveram forte suspeita de câncer e foram encaminhados para serviços de Oncologia Pediátrica e 15 receberam o diagnóstico de neoplasia maligna. Mais de 3,5 mil profissionais de diversas áreas da saúde estão inscritos no curso de capacitação.
O superintendente do Instituto do Câncer Infantil, Algemir Brunetto, ressaltou que o câncer afeta mais de 9 mil crianças e adolescentes no Brasil e é a principal causa de morte por doença nessa faixa etária. Para aumentar as chances de cura da doença é fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento em serviços com experiência nesse tipo de atendimento. O projeto Teleoncoped se destaca como um exemplo de como a tecnologia e a colaboração entre instituições podem ser empregadas para melhorar significativamente o diagnóstico precoce e a qualidade do tratamento do câncer infantojuvenil.
Além do serviço de telemedicina, o convênio prevê a continuação da capacitação de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnóstico e encaminhamento ao instituto de crianças com suspeita de câncer, e do apoio com a Casa ICI.
Na cerimônia de renovação do convênio, Arita destacou o pioneirismo da Casa ICI não só no país como na América Latina:
— Estamos aqui em nome do governo do Estado para celebrar mais uma etapa de uma relação com o Instituto do Câncer infantil. Já implantamos em conjunto o Tele-Onco, as consultorias, o apoio à rede básica e, principalmente, o diagnóstico precoce do câncer infantil. Hoje estamos cumprindo mais uma etapa justamente para viabilizar que nesta casa familiares e crianças e adolescentes possam ter todo o apoio emocional, o cuidado na área da saúde e passar por uma etapa em que o cuidado paliativo é fundamental.
— Infelizmente, para um terço das crianças, a medicina ainda não tem uma cura para a doença. Estes pacientes, que enfrentam um momento difícil, precisam de atendimento. O instituto já vinha com avanços em relação ao diagnóstico e o tratamento. Com o convênio, temos a oportunidade de evoluir com o cuidado paliativo — disse Brunetto.
O ICI é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, de caráter médico-científico, assistencial, de ensino e desenvolvimento técnico. Dada a complexidade do cuidado que se deve ter nos diferentes momentos do tratamento, o ICI disponibiliza uma equipe multidisciplinar, a qual atua na assistência integral ao paciente. Os serviços oferecidos envolvem as áreas de serviço social, médica, nutrição, apoio pedagógico, psicologia, odontologia, fonoaudiologia, psicopedagogia, educação física e fisioterapia.
O ICI também desenvolve projetos de pesquisas científicas dedicados ao avanço de novos tratamentos para o câncer infantojuvenil. Em 2022, o instituto recebeu o prêmio de Melhor ONG do Rio Grande do Sul.