Se o cobertor das verbas públicas é curto, uma parte do corpo vai passar frio. É o que está acontecendo com os hospitais da Região Metropolitana, que culpam o programa Assistir, da Secretaria da Saúde, pela perda de receita. Diferentes prefeitos alertam para o risco de colapso porque novos cortes estão previstos para 2024. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD) foi mais um a atribuir os problemas do Hospital Universitário ao corte de verbas do programa Assistir, somado à redução do ICMS dos combustíveis, que retirou R$ 180 milhões dos cofres dos municípios.
Diante das reclamações dos prefeitos, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, montou um grupo de trabalho para discutir a "revisão técnica do programa Assistir" e a possibilidade de rever os cortes de verba, que afetam principalmente a Grande Porto Alegre. Quatro reuniões já foram feitas com representantes das prefeituras e de hospitais da Grande Porto Alegre.
Arita diz que não se trata de acabar com o programa, que foi muito bem-recebido pela maioria dos prefeitos, porque distribui as verbas da saúde de acordo com a produção e não com o custo dos hospitais. Aqueles que ofereceram novos serviços e ampliaram o atendimento aos pacientes do SUS não têm do que reclamar, mas os que perderam receita em um período de alta na inflação da saúde estão indignados. Viamão, Cachoeirinha e Alvorada, por exemplo, fecharam a maternidade e a pediatria, sobrecarregando os serviços em Porto Alegre e outros municípios, como é o caso de Canoas.
O Conselho Regional de Medicina (Cremers) e o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul dizem que a UTI Pediátrica do Hospital Universitário de Canoas está à beira do colapso. O prefeito e o diretor-geral do HU, Mauro Sparta, reconhecem que a situação seja crítica, mas garantem que os problemas estão sendo resolvidos e que não há risco de colapso.
A Secretaria da Saúde está montando um plano de contingência para o caso de fechamento da UTI, mas diz estar convencida de que a direção conseguirá resolver os problemas.
Para além dos problemas do programa Assistir, há outro que afeta todos os hospitais filantrópicos: o baixo valor pago pelo SUS para os procedimentos. Quando esse problema se soma ao da má gestão, as dificuldades aumentam e os hospitais ameaçam reduzir a oferta de leitos ou suprimir serviços.
A Santa Casa de Porto Alegre equilibra as contas com o atendimento de convênios e particulares, mas a maioria não tem essa válvula de escape.
ALIÁS
Para piorar a situação dos hospitais, há o problema do IPE Saúde, que não está resolvido. Com o aumento da contribuição dos servidores, as dificuldades tendem a diminuir, mas as casas de saúde reclamam que a tabela está defasada e ainda há atrasos nos pagamentos.