Que ideia é essa do presidente Lula de comprar um avião cheio de luxos para ter mais conforto nas viagens internacionais? Sinal de que está faltando zagueiro no Palácio do Planalto para impedir que certos delírios prosperem. Ainda está em tempo de Lula mandar suspender os estudos que vêm sendo feitos pela Força Aérea Brasileira para substituição do avião presidencial e destinar o dinheiro e a energia para questões que realmente afetam a vida dos brasileiros.
O país está longe de atingir um equilíbrio fiscal que permita dizer que "está sobrando dinheiro" para gastar R$ 400 milhões em um castelo voador. Para que um avião de rei das Arábias, se o A-319 comprado no governo Lula ainda está na metade da sua vida útil? Para não ter que fazer escalas em viagens internacionais? Ora, bolas. Qual é o problema de, vez que outra, fazer uma parada técnica para reabastecimento? Se levar adiante essa ideia megalômana, Lula estará dando razão aos críticos de que perdeu a noção de prioridade.
Quando comprou o Airbus apelidado de Aerolula, em seu primeiro governo, havia uma razão objetiva para fazê-lo: o Boeing presidencial, chamado de Sucatão, estava velho mesmo. Já não podia pousar em determinados aeroportos da Europa, da Ásia e da América do Norte porque poluía demais. Não é o caso agora. Há coisas mais urgentes a fazer com o dinheiro escasso do que comprar avião com cama de casal e capacidade para mais de cem passageiros.
A menos que queira levar metade do centrão em suas viagens, o presidente não precisa de avião maior do que o atual. As escalas não podem ser consideradas justificativa para um gasto desnecessário no momento em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, corre atrás de fórmulas mágicas para cobrir o rombo fiscal. Alguém precisa dizer a Lula que contenha esses delírios de Napoleão.
ALIÁS
Mesmo que a compra de um avião com suíte de casal seja um desejo da primeira-dama, Janja, não é ela quem decide sobre o que é ou não conveniente para o país, porque não foi eleita. O Planalto informa que a decisão sobre a troca de avião ainda não foi tomada e que, se for, tudo será transparente.