Um grupo de dirigentes do PSB estadual solicitou oficialmente o afastamento de Mario Bruck da presidência do partido no Rio Grande do Sul e da coordenação da bancada partidária na Assembleia Legislativa. O documento é assinado por 15 integrantes da executiva estadual, quase metade da composição do órgão, e cita os processos nos quais Bruck é réu por suspeita de desvios de recursos públicos (veja detalhes abaixo).
O ofício enviado à executiva menciona que houve operação policial na bancada do PSB na Assembleia e diz que o partido está exposto pelo caso.
"Requeremos a essa executiva o pronto afastamento do presidente de seu cargo e da sua função de coordenador de bancada, para protegê-lo do inevitável conflito de interesses, e para proteger o PSB, que não pode estar exposto às buscas em sua bancada, aos grampos em seus telefones e, não menos importante, a ter a sua imagem pública atingida pelas referidas acusações", diz trecho do documento.
Esse grupo deseja que o afastamento seja analisado na próxima reunião do diretório estadual, marcada para o dia 30 de setembro.
Bruck afirma que o movimento partiu de uma "minoria insatisfeita" no partido, com o objetivo de criar um fato político. Ele diz que foi reconduzido ao comando do PSB gaúcho no ano passado em chapa única, com a anuência do grupo que hoje quer retirá-lo da cadeira:
— No ano passado, esses processos já existiam e foram tema de uma reunião na executiva, na qual apresentei minhas razões e minha total inocência. O grupo que alega que devo sair da direção tinha total conhecimento e mesmo assim me elegeu.
Favorável ao afastamento de Bruck, o vereador de Gravataí Paulo Silveira diz que o grupo sabia da existência das denúncias, mas teve acesso recente à integra dos processos.
Disputa interna
O pedido de afastamento de Mário Bruck é mais um capítulo da disputa interna no PSB gaúcho. A sigla já havia rachado na decisão de participar do governo Eduardo Leite e na reunião na qual foram divididos os cargos da bancada na Assembleia, que quase terminou em pancadaria.
A gestão atual, liderada por Bruck, tem apoio do deputado estadual Elton Weber e do deputado federal Heitor Schuch. Já o grupo divergente é mais ligado ao ex-deputado Beto Albuquerque.
Em junho, Beto criticou publicamente o voto de Weber a favor do projeto de reestruturação do IPE Saúde e disse que "a atual direção estadual do PSB é uma vergonha".
Acusação
Presidente estadual do PSB, Mário Bruck é acusado pelo Ministério Público Federal de liderar uma organização criminosa que desviou recursos destinados à saúde e à Assistência Social, por meio de um instituto sem fins lucrativos. A denúncia foi recebida em maio deste ano pela Justiça Federal.
No âmbito da Justiça Estadual, tramita outro processo, em que Bruck é apontado como participante de desvios na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), entidade ligada ao governo estadual. Neste caso, ele tornou-se réu em abril.
O político garante não ter cometido fatos ilícitos:
— Tenho 35 anos de vida pública e é o primeiro processo que repondo. E tenho certeza de minha inocência - afirma.