O voto “sim” do deputado estadual Elton Weber (PSB) ao projeto de alteração do IPE Saúde desencadeou duras críticas por parte de Beto Albuquerque, vice-presidente nacional do partido e ex-presidente estadual. A reação de Beto expôs a disputa interna que vive o PSB no Estado.
Pouco depois de o projeto de alteração do IPE Saúde ser aprovado com apoio do PSB, na terça-feira (20), Beto Albuquerque afirmou ser uma vergonha a posição da cúpula do partido no Rio Grande do Sul.
“A atual direção estadual do PSB é uma vergonha! Não vou deixar minha digital nestas coisas. A maioria do partido não concorda com isso”, escreveu Beto.
Questionado nesta quarta-feira (21) sobre o teor de sua publicação, Beto acrescentou:
— Tem um grupo grande de oposição interna que começou a se juntar. Está todo mundo contrariado no partido. Não existe obrigação de o PSB votar com o governo Leite. Tem pautas que não podemos votar sim — afirmou Beto, argumentando que votos como o de Elton Weber estão fazendo o PSB encolher no Rio Grande do Sul.
O projeto do governo Eduardo Leite de reforma do IPE Saúde foi aprovado por 36 votos a 16, sob protestos dos sindicatos que representam os servidores públicos.
O presidente estadual do PSB, Mário Bruck, diz que as críticas feitas por Beto são isoladas e refletem o afastamento do ex-deputado federal da vida partidária.
— Vejo até com certa alegria o ex-deputado Beto retornando à vida partidária. Não havíamos mais visto o Beto nas bases do partido. A base do partido está representada no Diretório Estadual, e a base do partido votou para ser base do governo Leite. Se essa opinião majoritária incomoda o Beto, não posso fazer nada, isso é fruto da democracia — defendeu Bruck.
O presidente estadual também diz que o PSB, de origem socialista, defende que o dinheiro público seja utilizado para sustentar o SUS, em vez de ser destinado a um plano de saúde.
— O IPE não é um sistema de saúde pública. Não é o SUS. É um plano de saúde. Nós, como socialistas, defendemos a saúde universal no SUS. Os planos de saúde têm de ser sustentáveis financeiramente — alegou Bruck.
As disputas internas do PSB gaúcho já haviam aparecido durante as eleições de 2022. Em um dos episódios, Airto Ferronato, candidato ao Senado pelo partido, abandonou a disputa reclamando da "falta de critério" na distribuição do dinheiro do fundo eleitoral.