A representação gráfica das estatísticas da segurança pública no Rio Grande do Sul é tão ou mais animadora do que os números absolutos que mostram a redução da criminalidade no mês de julho. É que as curvas são descendentes para os principais crimes cometidos no Estado e não apenas os homicídios, que em sua maioria resultam da guerra de facções. O número de homicídios em julho foi o menor dos últimos 13 anos, e isso não é pouca coisa.
Ainda que a percepção de segurança demore para aparecer, os gráficos mostram que há, sim, motivos para celebrar, embora o sonho de qualquer cidadão seja viver em um Estado em que se possa sair à noite sem medo de ter o celular roubado ou de circular por qualquer área sem se preocupar com o risco de ser vítima de uma bala perdida.
Considerando-se apenas o mês de julho, a curva dos homicídios chegou ao ápice em 2016, com 247. Depois, foi baixando lentamente até chegar aos 95 de agora, uma queda de 25,2% em relação a 2022. Desde 2005, o número mais baixo tinha sido 118 em 2006.
Lado a lado, os gráficos mostram queda em outros indicadores importantes, como feminicídio, latrocínio, abigeato e roubo de veículos. Os latrocínios, que naquele ano sombrio de 2016 ceifaram 14 vidas, em julho passado caíram para um — o ideal seria chegar a zero.
Um dos dados mais impressionantes diz respeito ao roubo de veículos. Também nesse tipo de crime o ápice ocorreu em 2016, com 1.385 ocorrências. Em julho deste ano, foram 258. A explicação está no cerco aos desmanches.
No caso dos feminicídios, a queda ainda é pouco expressiva, mas as medidas adotadas para inibir os agressores podem produzir resultados nos próximos meses. Uma delas é a entrega de celulares às vítimas da violência doméstica com um aplicativo que informa em caso de risco, graças ao monitoramento dos agressores pelo uso de tornozeleira eletrônica, o que permite à polícia identificar quando ele se aproxima da vítima e mandar para o local a viatura que estiver mais próxima.
Esse é o tipo de crime que não se previne com o aumento do policiamento, mas com políticas de prevenção e de estímulo às mulheres para que denunciem o agressor antes que seja tarde.
Mais do que celebrar os números é preciso destacar como se chegou a esses índices. E aqui entram os três "is" sempre mencionados pelo ex-vice-governador Ranolfo Vieira Júnior quando foi secretário: investimento, integração e inteligência.
— De forma integrada, a pressão operacional vem resultando na prisão efetiva de criminosos e na apreensão de armas e drogas no Estado. Com apoio da inteligência, buscamos a asfixia financeira e o enfraquecimento do crime organizado. A redução das mortes violentas reforça a estratégia e o planejamento tático adotado pela Secretaria da Segurança Pública para combater a criminalidade e aumentar a sensação de segurança entre os gaúchos — disse o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, na apresentação dos dados de julho.