Cinco anos. Foi esse o tempo que Maicon Bock e Lucas Schmitt esperaram para receber nos braços o filho desejado. Uma gestação que parecia infinita. Às vésperas do Dia dos Pais, veio a notícia que mais esperavam: tinham vencido o cipoal burocrático da adoção e podiam levar para casa o filho que leva o sobrenome dos dois: Nolan Schmitt Bock, um ano recém completado, olhos brilhantes e um sorriso em que mostra os primeiros dentinhos.
Nesse dia, Nolan, que vivia em um abrigo, ganhou dois pais amorosos, que transbordam afeto e compartilham com os amigos a alegria de ganhar o maior presente que a vida poderia lhes dar. Lucas e Maicon são casados, têm estabilidade financeira e emocional e, para a família ser completa, queriam um filho. Poderiam ter optado por uma barriga solidária ou de aluguel, se quisessem um bebê com o DNA de um ou de outro, mas os dois são suficientemente generosos para optar por dar um lar a um bebê de pai e mãe desconhecidos.
Pode haver maior gesto de generosidade do que adotar uma criança e dar a ela um futuro? Os abrigos estão cheios de meninos e meninas que passaram da idade desejada pelos casais que só querem adotar bebês e que lá ficarão em segurança até completar 18 anos. E depois? Depois terão de lutar pela vida sem o suporte de uma família.
Nolan ganhou uma casa preparada para esperá-lo, brinquedos, um cachorro e dois pais que não hesitaram em adaptar sua rotina à chegada de uma criança que ensaia os primeiros passos e as primeiras palavras. Hoje, os dois trocam fraldas, dão mamadeira, ensinam Nolan a descobrir o sabor dos alimentos, levam ao parque — no domingo passado ele estreou na Redenção e adorou.
— Não sei se é porque estávamos na fila da adoção há cinco anos que este processo está sendo muito natural para nós. Eu, o Lucas e nossas famílias e amigos estamos acolhendo Nolan de uma forma incrível. A gente quase nem lembra que ele chegou por adoção. É da família, como se sempre tivesse sido — diz Maicon, emocionado com a realização do sonho de ser pai.
Nolan será criado com muita verdade e humanidade. Saberá desde cedo que foi adotado, que seus pais são um casal homoafetivo e que isso nunca foi problema para eles. O importante é que esse gurizinho crescerá cercado de amor e que o mundo será melhor se mais casais como Lucas e Maicon adotarem crianças que esperam nos abrigos por uma família que os queira.